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Sessentões de Guarulhos e Bertioga ganham concurso de Miss e Mister Terceira Idade

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Quando era adolescente, Elisa Maria Gouveia, 64, via fotos de misses e ficava maravilhada com as roupas, os cabelos e a beleza de mulheres como Martha Vasconcelos e Vera Fischer (misses em 1968 e 1969). Na juventude, no entanto, Elisa não ousou concorrer, já que a família considerava concursos do tipo infames e indignos.

"Guardei o sonho no coração durante mais de 40 anos", contava ela emocionada ao ganhar para Guarulhos o título no 20º Concurso Miss e Mister Melhor Idade São Paulo, realizado na última quarta-feira (23) no Memorial da América Latina, na Barra Funda.


Os critérios de seleção para o título de Miss idosa, no entanto, são muito menos rigorosos do que os que Elisa via nos anos 60 e vê ainda hoje nos concursos tradicionais. Nada de desfilar de maiô, medir a cintura, fazer entrevistas, dar tchauzinho com a mão de lado ou ter o Pequeno Príncipe como livro favorito.

Os únicos atributos anunciados enquanto Elisa anda pela passarela são idade (64), altura (1,67), cor dos olhos (castanhos), um sonho (ser modelo e miss) e atividades cotidianas (estudar e organizar eventos).

"Os critérios são elegância, sorriso, desenvoltura na passarela. Vivo dizendo para os jurados não se comoverem com dez netos, dez filhos e fofura", diz Odete Moralez, 75, organizadora do concurso.

O conselho dá certo: se são os mais velhinhos os ovacionados pelo público, os escolhidos do júri possuem um ar mais jovial e corpinho de fazer inveja a muitas moçoilas.

Representante de Bertioga, Paulo Ricardo da Mota (1,75 m, olhos esverdeados, sonho de abrir uma entidade para cuidar de idosos), o Mister Melhor Idade, também está na casa dos 60, com 67 primaveras, e esconde os grisalhos com tinta preta.

Há quem considere a concorrência dos sessentões um tanto injusta --enquanto a futura Miss São Paulo Melhor Idade desfilava entre vasinhos de violetas no palco, uma mulher atrás da reportagem na plateia se revoltou: "Essa aí é muito nova para competir com as mais velhas [que chegam a 85], né? Não é justo."

Elisa se defende. "Há gente bonita, elegante e com saúde em todas as idades", diz ela, que já aprendeu a fazer propaganda e afirma que a única vantagem foi a escolha do cabeleireiro, da nora como maquiadora e do patrocinador de Guarulhos que emprestou o vestido.

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