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Supertraficante Pablo Escobar é tema de seriado na Colômbia

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Selo BBC Brasil

O nome de Paulo Escobar voltou a aparecer na imprensa da Colômbia, mas desta vez não nas páginas policiais, e sim nas de entretenimento.

O famoso narcotraficante colombiano virou tema de um seriado de TV que acaba de estrear no país,

Escobar: el patrón del mal (Ou Escobar: o patrono do mal, em tradução livre), da emissora Caracol, não é a primeira iniciativa da TV colombiana inspirada pelo chefe do cartel de Medellín, morto em 1993, mas é considerada a mais ambiciosa até o momento.

Trata-se da primeira produção de grande envergadura que usa abertamente o nome do traficante, que chegou a declarar guerra ao Estado colombiano e que é acusado de ter sido responsável direto por ao menos 4 mil mortes.

"Era como se algo grave tivesse acontecido na família, e seus membros tivessem que esperar que o tempo passasse para poder tocar no assunto", contou à BBC o diretor da série, Carlos Moreno, quando questionado por que a Colômbia tinha demorado tanto em levar à ficção um personagem que definiu uma época complexa no país.

"É um assunto muito doloroso", agregou o diretor, destacando também o esforço da série em respeitar ao máximo a memória das vítimas do narcotraficante.

TABU

A passagem do tempo também ajudou a dissipar alguns medos vinculados a Escobar.

"Quando uma figura passa a ser uma lenda, um mito, a gente consegue citá-lo com mais facilidade", opinou à BBC César Paredes, jornalista da revista colombiana Semana, lembrando as relações de Escobar com importantes atores políticos e econômicos do país.

Os esforços da Colômbia em desvincilhar-se do estigma de "país do narcotráfico" também explicam parte do silêncio que por anos rodeou o polêmico personagem.

Mas a história do narcotraficante nunca deixou de circular, boca a boca, entre os colombianos.

"O que sei de Escobar ouvi em histórias da minha família", contou Marcela Méndez, de 18 anos.

"Tinha só três anos (quando ele morreu), mas essas coisas não se esquecem, porque muitas das nossas famílias viveram aquele momento, e quando saíam às ruas explodia uma bomba perto (deles)", agregou Antonio Pinillos, estudante de 21 anos.

Ao mesmo tempo, Pinillos reconhece que, 19 anos depois da morte do narcotraficante, ele e os demais jovens de sua geração têm uma imagem incompleta e fragmentada de Pablo Escobar.

Sendo assim, para alguns, o fundador do cartel de Medellín é apenas um traficante a mais; para outros, é quase a encarnação do mal ou, no outro espectro, um personagem idealizado.

Por isso, para Carlos Moreno, um dos principais objetivos da nova série de TV é ajudar as novas gerações a entender melhor a figura de Escobar, suas motivações e as consequências de seus atos.

"Na Colômbia e na América Latina em geral ainda temos a explicação incompleta do que ocorre, ocorreu e vai ocorrer com o narcotráfico", disse o diretor.

E, ainda que ele reconheça que a história de Escobar seja complexa demais para ser abarcada por um filme ou um seriado, ele acredita que a sua produção televisiva possa ajudar tanto na recuperação da memória quanto na promoção da reflexão e do debate.

Com isso, espera que seu país possa fazer algo produtivo com um dos capítulos mais dolorosos de sua história.

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