Factoides

HUMOR: Volta, Lula! Nós perdoamos tudo

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O ex-presidente Lula já avisou que não volta. Nana-nina-não. Na convenção do PT, que aconteceu no feriadão, a sebastianíssima criatura declarou: "Essa história de 'Volta, Lula!' é intriga da Zelite, aquela ordinária sem-vergonha!".


Eu não duvido. Dele não! Da Zelite, é claro! Eu não duvido que a Zelite esteja por trás do "Volta, Lula!". A Zelite sempre foi caidinha por ele. Todo mundo sabe. "Mas não conta pra ninguém, porque a Marisa é muito ciumenta...", me confidenciou ela, certa vez. Um parêntese obrigatório: Jornalista tem que frequentar a Zelite. Todo mundo sabe.


Preocupado com a nova indiscrição lulista, telefonei para a Zelite. Queria confirmar se o coro do "Volta, Lula!" era mesmo coisa dela. Infelizmente, não a encontrei. Quem atendeu foi a faxineira dela, a Perifa. "A Zelite está em Paris, seu Aran! Nem adianta mandar whatsapp porque ela não responde!", disse a Perifa. Outro parêntese obrigatório: Jornalista tem que escutar a Perifa. Todo mundo sabe.

Bem, o fato é que Lula garantiu que a candidata do governo para a eleição deste ano é mesmo a atual presidente, dona Dilma Rousseff.
É candidata do governo e não da situação. Para todos os efeitos, o PT continua na oposição, enfrentando bravamente a Zelite, a mídia, o STF, a direita, a esquerda, o centro, os aliados, os adversários, a base governista, o FMI, o Facebook, o Twitter, a Hidra, a Shield, a ONU, a OTAN, o Banco Mundial, os institutos de pesquisa e qualquer um que olhe feio pra eles.

Crédito: Edson Aran

Mas mesmo com esta declaração de fidelidade, resolvi dar uma força para unir o Lula e a Zelite, pois detesto ver um casal que se ama tanto separado pela força das inconstâncias. Fiz assim: bolei uns slogans bem bacanas que podem ser usados por qualquer adepto do volta-lulismo mediante uma justa remuneração. Aceito cargo público ou linha de crédito no BNDES, mas nunca —jamais!— ações da Petrobras. Fica a dica.


Volta, Lula! Você não trancou a porta do cofre!

Volta, Lula! Na sua mão a coisa cresce!

Volta, Lula! Tem um neoliberal atrás da porta!

Volta, Lula! O FHC vai morrer de irritação!

Volta, Lula! O Eduardo Campos larga a Marina na hora!

Volta, Lula! A torneira ficou aberta!

Volta, Lula! Alguém precisa defender o seu largado. Quer dizer, o seu legado! Le-ga-do!

Volta, Lula! Aquela empreiteira não entregou o aeroporto ainda!

Volta, Lula! O trem da história foi para aquele outro lado ali, ó!

Volta, Lula! Você deixou uma mala sem alça aqui!

Volta, Lula! O Waze avisou que tem blitz com bafômetro na esquina!

Volta, Lula! Alguém precisa tomar conta da lojinha!

Volta, Lula! A luz do poste queimou!


COMO ESCREVER UM ROMANCE

Na condição de escritor bem sucedido e cercado de mulheres por todos os lados, recebo inúmeras solicitações de autores iniciantes em busca de dicas e truques. Depois de centenas de pedidos e depósitos em conta-corrente, resolvi ajudar os desafortunados escribas.
  
Em toda a história da literatura existem apenas três tramas básicas:

1 - um homem parte em uma jornada.
2 - um homem chega a um lugar desconhecido.
3 - um homem encontra alienígenas canibais do espaço exterior.
  
Escritores românticos também podem lançar mão da fórmula clássica "homem encontra mulher".

Tecendo essas tramas, você produz qualquer coisa, do épico regionalista ao roteiro de cinema existencialista. Por exemplo: homem encontra mulher e ela parte em uma jornada (peça do Nelson Rodrigues); mulher encontra homem e ele parte em uma jornada (novela da Glória Perez); mulher encontra homem e ambos partem em uma jornada (filme do Wim Wenders); mulher sai em uma jornada e encontra vários homens (Sex and the City).
  
Escrever é uma tarefa solitária e muitas vezes enfadonha. Para melhor realizar o seu trabalho, o escritor deve:

1 - procurar um lugar silencioso onde é possível conviver com os seus demônios interiores.
2 - ter um banheiro por perto pro caso dos demônios interiores resolverem sair depois da feijoada de sábado.
3 - acreditar que alguém se importa um cazzo com o quê você escreve.
  
Quando acabar, publique. É melhor fazer isso em vida do que enterrar sua reputação depois de morto, graças à linda história de amor com o Gaudêncio que você não tirou do armário.
  
Publicar não é problema, acredite. Editoras disputarão a tapas a sua noveleta existencialista, se você seguir três conselhos:

1 - em vez de escritor decadente, o personagem central deve ser um mago poderoso.
2 - em vez de lamentar a condição humana, ele tem de fazer chover e ventar.
3 - em vez de usar o seu nome na capa, assine como Paulo Coelho.


EDSON ARAN é autor de seis livros. O mais recente, "O amor é outra coisa" (Jardim dos Livros), fala sobre o sentido da vida e tem mais de duzentos pensamentos cretinos. Também é roteirista. Seu site é www.sitedoaran.com.br.

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