HUMOR: As figurinhas carimbadas do Carnaval
O "tríduo" momesco (hein?!) sempre foi cheio de personagens típicos que surgem apenas durante o evento. Para que você possa curtir melhor essa grande festa popular, aí vai o perfil de cada um deles.
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"A bicha que bate no fio de alta tensão"
É geralmente um cabeleireiro muito famoso em Paris. Gastou milhões em plumas de aves à beira da extinção para fazer uma fantasia de 200 quilos. Mas na hora de entrar na avenida, o carro era alto demais, a fiação aérea era muito "terceiro mundo" e, proft!, ele se esborrachou no chão. Só quebrou duas costelas e uma perna, mas a agremiação perdeu dois pontos em evolução por conta do socorro médico. O presidente da escola está puto da vida com ele.
"A madrinha de bateria que machuca o pé"
Ela é deliciosamente gostosa e aproveita o Carnaval para se cacifar para futuros ensaios sensuais sem ser vulgares. Sai com um biquíni mínimo e um salto agulha macro. Quando chega à dispersão, o pezinho está sangrando, o que produz uma série de reportagens sobre a dedicação e o amor ao samba. O presidente da escola está pegando.
"A moça do Leblon que é íntima da comunidade"
Ela uma espécie de Leci Brandão 2.0. É gata, inteligente, bem educada, mas curte mesmo é rebolar até o chão. Faz comentários sobre o desfile sempre acrescentando um dado pitoresco que só quem é das internas conhece: "O mestre Piroquinha aprendeu a misturar samba com funk quando era DJ na saudosa Feijoada da Dona Creozuda lá no Cafofo do Meliante Maloqueiro..." O presidente da escola nunca a viu no morro.
"A atriz de cara amarrada"
O carro em que ela sairia de destaque quebrou na entrada do Sambódromo. Ela teve que vir caminhando e está furiosa com a escola, o carnavalesco, os paparazzi, a arquibancada, os repórteres, o mundo, o universo e, especialmente, "a madrinha de bateria que machuca o pé" que atrai mais atenção do que ela. Ela não quer ser perfilada nesta lista de "figurinhas carimbadas do Carnaval" e também não vai com a sua cara, leitor. O presidente da escola adoraria enfiar a mão no pé do ouvido dela.
DIÁLOGOS IMPERTINENTES (1)
"E aí, Mídia Ninja, vamos entrevistar ministro do STF?"
"O mídia-livrismo da overcrítica no ativismo autoral...reeeeich! Esquindô, esquindô! Chora, cavaco!"
DIÁLOGOS IMPERTINENTES (2)
"E aí, Black Bloc, vamos acampar em frente do STF?"
"São R$ 150 por cabeça, fora o ticket refeição..."
O MUNDO SEGUNDO O FACEBOOK
Lispector sabe tudo. O sentido da vida, o propósito do significado e como obter uma barriga negativa. Tudo o que importa está em Clarice. O que não está em Clarice não importa.
O tempo é uma abstração. Toda notícia deve ser compartilhada e comentada, não importa a data em que o fato ocorreu. Por exemplo: "Pedro Álvares Cabral toma posse da Terra de Vera Cruz em nome d' El Rei Dom Manuel". Você deve compartilhar e comentar: "Capitalistas sanguinários neoliberais de direita querem acabar com os Gororobas-Rayovacs!"
Assim como os antigos egípcios, nós devemos cultuar gatos. Gatos que bocejam, gatos que entram em caixas, gatos que perseguem borboletas. Gatos e Clarice Lispector têm a resposta para todos os nossos problemas.
A mídia mente e manipula. A não ser que seja notícia antiga sobre escândalos da "Era FHC". Aí vale compartilhar. Especialmente se envolve gatos e Clarice Lispector.
DIÁLOGOS IMPERTINENTES (3)
"E aí, Anonymous, vamos fazer vídeo sobre o STF?"
"Agora não posso, tô jogando GTA 5!"
EDSON ARAN é autor de seis livros. O mais recente, "O amor é outra coisa" (Jardim dos Livros), fala sobre o sentido da vida e tem mais de duzentos pensamentos cretinos. Também é roteirista. Seu site é www.sitedoaran.com.br
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