Nunca tive o menor sinal de ter nascido com um instinto materno, mas estou suspeitando que ele existe em algum lugar em mim. Isso porque me peguei preocupada com a alimentação dos passarinhos que aparecem no meu quintal.

Eu sei que você aí, apertadora de bochechas de bebês, deve estar com o dedo apontado na tela dizendo que não é nada disso, mas é claro que é. Existe algo mais maternal do que se preocupar com a alimentação alheia?

Comecei a me imaginar falando com um pediatra de aves, desabafando que os sabiás só comem mamão. "Sabe, doutor, acho que mimei os meninos. Eles não querem mais saber de maçãs, peras, tomates e muito menos abóbora".

Essa é a situação atual aqui em casa: se não for aquele fundinho do mamão, os passarinhos daqui não querem nem saber. Eles parecem aquelas típicas crianças que só querem saber de bolacha recheada e batata frita.

Para piorar, eles são umas pestes e ficam me esperando sentar embaixo da árvore com o jornal para fazer seu cocô matinal.

A parte mais grave de tudo é esse tal instinto materno dar esses sinais, justo em mim, que me julgava tão superior por não sentir nada assim.

Ou você acha que instinto materno é fazer aquela vozinha ridícula pra cada bebê que passa? Bem, confesso que me peguei fazendo esse tom de voz para falar com um gato e com o meu cáctus, aquele destruído pelo entregador, mas, olha, não tem nada a ver, viu?

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MAGALI IMPLIQUETE : há 26 pensando demais, costumo ser motivo de chacota por relatar meus problemas cotidianos como "muito difíceis". Reclamona profissional e piadista amadora, dou risada sozinha nas horas vagas. Meu hobby é corrigir a pronúncia e outros erros de vocabulário de qualquer um, do motorista ao cobrador, além de ouvir a conversa alheia para escrever aqui.