Toda noite, enquanto as pessoas normais se deitam na cama prontos para relaxar, eu fico tensa, temendo a madrugada.

O meu problema não são zumbis ou ladrões e sim o ser mais destruidor e amargo que assombra minha residência: o Sr. Entregador de jornal.

Até o começo do ano, sua diversão era jogar bem embaixo do carro, mas seu alvo mudou recentemente, quando eu comprei um cáctus. Gordinho, verde, ele mais parece um Mickey Mouse com cinco orelhas que uma planta espinhuda.

Mas obviamente o Sr. Entregador não pensa o mesmo que eu e passa suas madrugadas tentando atingir a planta como se fosse um jogo de dardos.

Eu sei o quão ridículo é esse meu ódio. Tanto que resolvi contar aqui, na esperança de arrancar alguma risadinha do seu rosto carrancudo, mas a questão é que até caiu uma lágrima do meu olho quando vi que o Sr. Entregador finalmente conseguiu furar uma das orelhas do meu amigão Cactão. Quanta maldade no coração.

Mais do que cancelar o jornal (não é a Folha, pode se acalmar, chefe!), resolvi esperar o monstro entregador passar para que eu brigasse com ele. Dormi na primeira meia hora, pensando em todos os jornais que eu iria jogar de volta.

Que sofrimento. E enquanto isso, os donos dos jornais temem a madrugada e sofrem com as vendas e culpam a modernidade pelas vendas baixas. Mal sabem eles que o motivo do meu cancelamento será vingar a ferida do meu cáctus.

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MAGALI IMPLIQUETE : há 26 pensando demais, costumo ser motivo de chacota por relatar meus problemas cotidianos como "muito difíceis". Reclamona profissional e piadista amadora, dou risada sozinha nas horas vagas. Meu hobby é corrigir a pronúncia e outros erros de vocabulário de qualquer um, do motorista ao cobrador, além de ouvir a conversa alheia para escrever aqui.