Marisa Monte expõe sua intimidade em novo disco
Não paro de ouvir "O Que Você Quer Saber de Verdade", o novo disco de Marisa Monte. A data oficial do lançamento é hoje, dia 31, mas o CD já está disponível em algumas lojas desde sexta passada. Comprei o meu no sábado e acho que logo terei que comprar outro, pois este aqui vai furar de tanto tocar.
Marisa deixou seus fãs à míngua por três longos anos. Se formos contar a partir dos últimos trabalhos em estúdio, então, chegamos a mais de cinco --uma eternidade nesses tempos de internet. Pelo menos ela tem uma boa desculpa: ficou em casa cuidando dos filhos.
Também deve ter namorado muito, pois as letras estão mais românticas do que nunca. Nem todas as canções têm sua autoria, e nas que têm - geralmente com seus parceiros habituais, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown-- é difícil saber quem fez o quê, além do mais porque a ordem dos nomes nos créditos muda de uma faixa para a outra. Mas é irresistível pensar que ela expõe um pouco de sua vida pessoal nelas.
"Vamos ter liberdade / para amar à vontade / sem trair mais ninguém", canta ela em "Depois" para se despedir de uma antiga paixão. Também insinua que se envolveu em dois amores ao mesmo tempo em "Amar Alguém". Conjecturas minhas, ou flashes de sua intimidade?
A mesma intimidade que ela se nega terminantemente a mostrar em outros lugares. Marisa nunca é flagrada aos beijos com um namorado novo, não desfila com a prole pelo Baixo Bebê, não dá trela para as revistas de fofocas. Está mais caseira e reservada do que nunca.
E admite isto na bem-humorada "Hoje Eu Não Saio Não", com pegada nordestina. É a música mais agitada do novo disco: quase todas as outras são baladas suaves. Algumas parecem descendentes do repertório de Martinha, nos tempos da Jovem Guarda.
"Ainda Bem", a primeira faixa de trabalho, soaria brega na voz de outra cantora. A elegância natural de Marisa transforma a cafonice latente em delicadeza. Ela já foi chamada de esnobe e elitista, mas faz um sucesso enorme nas rádios AM.
Verdade que "O Que Você Quer Saber" não traz muita inovação. Marisa não se arrisca para muito longe de seu universo particular: mesmo os compositores que ainda lhe eram inéditos têm estilos próximos ao de sua turma de sempre.
Não faz mal. Eu estava com tanta fome de Marisa Monte que este reencontro é o equivalente a provar outra vez uma receita conhecida, sem grandes novidades mas ainda muito gostosa. Agora quero ver o show.
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