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Tony Goes

Candidatura de Datena ao Senado é um grande desafio para a Band

Apresentador deixa seu novo programa dominical em momento delicado

João Doria, pré-candidato ao Governo de São Paulo, durante lançamento da pré-candidatura de José Luiz Datena ao Senado pela Coligação Acelera São Paulo, no Hotel Intercontinental, em São Paulo (SP), nesta quinta-feira (28)
João Doria, pré-candidato ao Governo de São Paulo, durante lançamento da pré-candidatura de José Luiz Datena ao Senado pela Coligação Acelera São Paulo, no Hotel Intercontinental, em São Paulo (SP), nesta quinta-feira (28) - Reprodução/Facebook
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São Paulo

 José Luiz Datena estava cansado do jornalismo policial. Queria se dedicar ao entretenimento, depois de anos dedicados à cobertura das tragédias do cotidiano.

A Band relutou muito, mas acabou cedendo. Passando por um período de reestruturação interna e reformulando sua grade de programação, a emissora concordou em tirar o apresentador do vespertino “Brasil Urgente” e dar a ele uma extensa faixa horária nas concorridíssimas tardes de domingo.

Datena deixaria o gênero em que se tornou referência – e onde reinava soberano, depois da morte de Marcelo Rezende, em 2017 – para competir diretamente com Faustão, Eliana e Rodrigo Faro, em uma praia que nunca foi a dele.

“Agora é com Datena” estreou no final de abril, se arrastando por intermináveis seis horas. A audiência foi baixa – três pontos de média na Grande São Paulo – e as críticas, impiedosas. O apresentador estaria pouco à vontade, sem o traquejo de auditório necessário para atrações desse tipo.

Os ajustes não tardaram. A duração foi encurtada, e o jornalismo passou a ocupar cada vez mais espaço. No dia 27 de maio, “Agora é com Datena” alcançou um resultado expressivo no Ibope – 4,8 pontos de média, com pico de 7,4 – ao dedicar boa parte do tempo à greve dos caminhoneiros.

Parecia que o programa havia encontrado seu rumo. Com uma pegada mais jornalística, seria uma opção real na TV aberta aos concursos musicais e histórias de superação oferecidos pela concorrência.

A alegria durou pouco. Datena, que já havia cogitado se candidatar ao governo do estado de São Paulo em 2014, agora é pré-candidato a uma vaga no Senado pelo DEM, em coligação com o PSDB de Geraldo Alckmin e João Doria.

Politicamente, a estratégia faz sentido: com Datena na chapa, Alckmin e Doria reforçam a ideia de que investirão pesadamente em segurança, atraindo eleitores que estariam tentados a votar em Bolsonaro.

Mas, para a Band, é um pesadelo. O canal passa por um momento delicado, em que tem apenas um sucesso indiscutível de audiência e faturamento: o reality culinário “MasterChef”, que já apresenta sinais de desgaste depois de anos no ar.

Datena será substituído aos domingos por seu filho Joel, que já vinha ocupando o antigo lugar do pai no “Brasil Urgente”. Mas o rapaz ainda é um nome relativamente novo no showbiz, e entrará em briga de cachorro grande.

O acordo firmado com a Band prevê que o contrato com Datena não será rompido durante a campanha eleitoral: ele apenas não receberá salário durante o período.

Mas o que acontecerá se ele for vitorioso nas urnas? Manterá o programa, ou se dedicará exclusivamente ao cargo de senador? A legislação proíbe que os candidatos tenham programas, mas não os eleitos. Datena conseguirá conciliar as duas carreiras? Ou optará pela política?

O suspense nos corredores da Band deve ser grande.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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