Tony Goes

Apesar de deficiências, '101 Atrações de TV que Sintonizaram o Brasil' é bem escrito

A atriz Glória Pires em cena da novela "Vale Tudo", de Gilberto Braga
A atriz Glória Pires em cena da novela "Vale Tudo", de Gilberto Braga - Chico Ferreira/Divulgação


  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

"101 ATRAÇÕES DE TV QUE SINTONIZARAM O BRASIL" (bom) 

 É impossível falar da história da televisão no Brasil sem dar enorme destaque à Globo. A emissora é líder de audiência em praticamente todas as faixas de horário desde o começo da década de 1970. Quase todos os grandes nomes que consolidaram o meio televisivo no país passaram por lá.

Ainda assim, a presença da Globo no almanaque "101 Atrações de TV que Sintonizaram o Brasil" chega a ser excessiva. Nada menos que 73 verbetes --quase três quartos do total-- tratam diretamente de programas ou pessoas ligados ao canal.

O livro é assinado por Patrícia Kogut, colunista de TV do jornal "O Globo". Ela obteve credibilidade crescente ao longo dos anos, apesar de ter que avaliar a produção do principal braço do grupo de comunicação em que trabalha e de ser casada com Ali Kamel, diretor-geral de jornalismo da Globo.

O escancarado viés pró-Globo de "101 Atrações" afeta essa imagem. Praticamente não há menção a programas contemporâneos de outras emissoras. Faltam, por exemplo, capítulos específicos para as novelas bíblicas da Record ou para o "Pânico na Band".

Claro que sempre haverá omissões num universo tão amplo. Mas algumas escolhas chamam a atenção: por que dedicar verbetes inteiros para autores como Gilberto Braga, Benedito Ruy Barbosa e João Emanuel Carneiro, e outros para suas obras mais famosas (respectivamente, as novelas "Vale Tudo", "Pantanal" e "Avenida Brasil")? Não seria melhor concentrar esses assuntos e abrir espaço para outros?

Mas talvez o mais complicado seja a organização do livro, ou a falta dela. O conceito "atrações" engloba não apenas programas, mas também atores, apresentadores, diretores e até executivos, como Assis Chateaubriand e Roberto Marinho. Ou mesmo emissoras inteiras, como a extinta MTV Brasil.

Todos eles aparecem enfileirados sem nenhum tipo de classificação, seja cronológica,  seja por gênero. Além disso, não há um índice remissivo que permita uma consulta rápida. Mas é importante ressaltar que os textos são bem escritos e informativos, ilustrados por preciosas imagens de arquivo.

Nossa televisão é, de longe, a manifestação cultural de maior impacto na sociedade e também a que movimenta as maiores somas. Entretanto, ainda são relativamente poucos os livros dedicados a ela. É por isso que, mesmo com algumas deficiências, "101 Atrações de TV que Sintonizaram o Brasil" não deixa de ser um volume muito bem-vindo.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias