Na briga com as operadoras, SBT, Record e Rede TV! mostram uma concepção antiga de TV
Em 1º de abril, quando foi desligado o sinal analógico de TV na Grande São Paulo, SBT, Record e Rede TV! sumiram do cardápio de quase todas as grandes operadoras de TV paga da cidade.
Aproveitando uma brecha na legislação, as três emissoras formaram a Simba Content, uma joint venture cujo principal objetivo era forçar as operadoras a remunerá-las, como já remuneram a Globo, a Band e centenas de canais fechados.
Mas Sky, Net, Oi e Vivo disseram não (a Claro fechou um acordo por fora). Alegaram que, para pagar a Simba, esta precisava oferecer mais do que apenas seus canais abertos. A Band, por exemplo, traz consigo também a BandNews, a BandSports e o Arte1, entre outros; a Globo investe há mais de 20 anos na Globosat, com dezenas de canais de todos os gêneros.
Já a Record tem a Record News, que é aberta. O SBT, nadica de nada. E a Rede TV!, menos ainda: nem mesmo sua grade inteira a emissora consegue preencher com programação própria.
A Simba chegou a cogitar um canal no estilo do Viva, que basicamente exibe reprises da Globo. SBT e Record de fato têm acervo para tanto. Mas surgiu um problema: as autorizações e o pagamento de direitos autorais para que esses programas antigos pudessem voltar ao ar.
O impasse parece estar chegando ao fim. A campanha feita pela Simba, para que o público cancelasse suas assinaturas de TV paga, não deu certo. E as três emissoras viram despencar tanto suas audiências quanto suas receitas publicitárias. Agora elas vêm dando a entender que poderão aceitar até mesmo centavos por cada assinante para poder voltar o quanto antes ao line-up das operadoras paulistanas.
E vão voltar a seco, do mesmo jeito que estavam antes. Os novos canais ficaram para um futuro indefinido. No frigir dos ovos, o embate serviu para mostrar como as cúpulas das emissoras da Simba ainda estão presas a uma maneira de assistir TV que está em franca extinção.
O público ama Silvio Santos, mas não está disposto a qualquer sacrifício para continuar sintonizando-o. Também gosta das novelas bíblicas da Record, mas sabe que existem muitas outras opções (fora que elas vivem sendo reprisadas, os fãs mais empedernidos já devem conhecê-las de cor).
Nessa nova realidade, todas as emissoras, abertas e fechadas, estão correndo atrás do espectador, que se enfronhou na internet. A Globo agora aposta pesado na GloboPlay, sua plataforma de streaming, onde disponibiliza temporadas inteiras de séries que ainda nem foram ao ar. É uma tentativa se encaixar nos novos hábitos de consumo de conteúdo, que vêm se libertando dos horários fixos e dos intervalos comerciais.
Record, SBT e Rede TV! já permitem que sua programação seja assistida online, e de graça. É um avanço e tanto, mas ainda é pouco. Para atingir essa nova audiência, precisam ampliar e variar tanto o que oferecem quanto a maneira como oferecem, e rápido.
Caso contrário, perigam seguir o caminho da Manchete, da Tupi, da Excelsior e de tantas outras emissoras que não existem mais.
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