Fox News só demitiu sua maior estrela, o comentarista Bill O'Reilly, acusado de assédio, porque o escândalo doeu no bolso
Bill O'Reilly era o âncora mais conhecido dos Estados Unidos. Seu programa "The O'Reilly Factor', no ar há duas décadas, era o de maior prestígio e faturamento no canal de notícias líder de audiência por lá, a Fox News. Suas opiniões arquiconservadoras ajudaram a criar o clima que elegeu Donald Trump.
E, no entanto, O'Reilly acaba de ser desligado da emissora para cujo sucesso tanto contribuiu. Cinco mulheres que trabalharam com ele ao longo dos anos o acusam de assédio sexual. O comentarista teria até ameaçado prejudicar a carreira de algumas delas se seus avanços não fossem correspondidos.
As acusadoras receberam cerca de 13 milhões de dólares para não entrarem na justiça. Só que o jornal The New York Times ficou sabendo, e noticiou o caso em sua edição de 1o. de abril. A Fox News então fez uma investigação interna, que revelou outras vítimas de O'Reilly.
Mas a emissora não o demitiu por solidariedade a suas funcionárias, nem por uma súbita conscientização dos direitos femininos. Bill O'Reilly foi defenestrado porque o escândalo atingiu a empresa exatamente onde dói mais: no bolso.
Mais de 50 anunciantes cancelaram seus contratos de patrocínio, porque a gritaria na imprensa foi enorme. A News Corp. —conglomerado de mídia do qual fazem parte tanto a Fox News quanto os demais canais Fox e o estúdio de cinema 20th Century Fox— precisou agir rápido.
Enquanto isto, no Brasil, colegas de José Mayer acham que ele já pagou por seus pecados com a carta que divulgou alguns dias depois de ser acusado pela figurinista Su Tonani. O ator continua suspenso na Globo, que reiterou que ele não está mais escalado para a próxima novela de Aguinaldo Silva, a estrear em 2018. Mas seu contrato continua válido.
Mayer não está mais no ar desde que terminou "A Lei do Amor", no dia 31 de março. Porém, mesmo se estivesse, duvido que alguma marca estaria ameaçando retirar seus comerciais da novela.
Afinal, estamos no país onde o goleiro Bruno foi contratado por um time de futebol assim que teve sua prisão relaxada. É verdade que alguns dos patrocinadores do Boa se retiraram indignados, mas outros continuam lá. Bruno já recomeçou a jogar: apesar de alguns apupos, também recebe aplausos e até faixas de apoio de alguns torcedores.
Continuando no futebol, mas saindo dos casos de violência contra a mulher: não posso deixar de reparar que a atual diretoria da CBF também segue firme em seus postos, apesar de crivada por denúncias de corrupção. Vários patrocinadores se afastaram, mas não em número suficiente para forçar uma chacoalhada na cúpula da entidade. Afinal, apesar da roubalheira entre a cartolagem, a seleção brasileira voltou a ganhar, não é mesmo?
Pelo jeito, é só isto o que importa. E que se danem as mulheres, o dinheiro público e todo esse pessoal que só faz mimimi. Enquanto não doer no bolso de quem os financia, corruptos e agressores continuarão à solta.
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