Artistas têm todo o direito de se meter em política, mesmo que seja para falar besteira
Um vídeo produzido pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) vem causando furor na internet. Trata-se de uma simpática animação com locução de Wagner Moura, atacando a reforma da Previdência proposta pelo governo Temer.
O vídeo já acumula centenas de milhares de visualizações no YouTube e vem sendo compartilhado outras milhares de vezes nas redes sociais.
Também já gerou reações. O próprio governo produziu uma resposta, e muita gente - gabaritada ou não - vem postando na web declarações de apoio ou repúdio, gravadas ou por escrito.
Claro que as reações dos internautas também se dividiram. Muitos se rendem aos argumentos e à voz macia de Wagner Moura. Outros são veementemente contra, e entres estes se encontram aqueles que negam ao ator qualquer direito de se manifestar.
"Cala a boca", "vai pra Cuba", "para de mamar na Lei Rouanet" e por aí vai. Segundo essa turma, não é que os números citados por Moura estejam errados: ele próprio não teria a menor qualificação para se posicionar, pelo simples fato de ser artista.
O curioso é que esse tipo de reação não se restringe à direita. Quando algum famoso aplaude, por exemplo, o juiz Sergio Moro, imediatamente também é vilipendiado on-line: vendido ao sistema, canastrão, fracassado.
Não é só no Brasil que desdenhamos das opiniões políticas dos integrantes do showbiz. O presidente dos EUA, Donald Trump, está em plena guerra verbal contra dezenas de celebridades, desdenhando das motivações delas e esquecendo-se que ele também veio do mundo do entretenimento.
O fato é que desmerecemos quem não concorda conosco, seja lá o que essa pessoa faça da vida. Se for um ator ou um cantor, fica mais fácil ainda, porque impera a noção de que essas figuras têm vida fácil.
Nada mais falso, mas digamos que fosse verdade. Ainda que fossem nababos que acordassem tarde e nadassem em dinheiro, os artistas também podem dizer o que quiserem sobre política, pelo simples fato de serem cidadãos.
No caso deles, há uma vantagem: por causa da visibilidade, costumam provocar debates. É exatamente o que está acontecendo agora ao redor da reforma da Previdência, e todo mundo só tem a ganhar com essa discussão.
Além do mais, se os artistas não podem se meter em política, quem poderia? Os únicos que são do ramo são os próprios políticos. Já pensou, se só eles pudessem falar? É isto o que nós gostaríamos que acontecesse?
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