Lady Gaga é gostosa, só os bobos não percebem
Lady Gaga conseguiu o impossível. Com seu show no intervalo do Super Bowl neste domingo (5), a cantora arrancou elogios de democratas e republicanos, críticos rigorosos e fãs ardentes, caretões e "little monsters".
Mas claro que houve quem não gostasse. Apesar da energia inesgotável e da incrível capacidade de cantar ao mesmo tempo em que executa uma coreografia de tirar o fôlego, Lady Gaga foi malhada nas redes sociais por causa de sua barriguinha.
Que estava mais para a hipótese de barriguinha do poema "Receita de Mulher", de Vinícius de Moraes. Uma dobrinha sutil. Um campo de pouso acolchoado.
Mas não era o abdômen trincado que as musas fitness promovem em seus Instagrams. Muito menos a ridícula barriga negativa, que algumas modelos-e-atrizes ostentam como sinal de superioridade moral.
Lady Gaga respondeu à altura de seus "trolladores": "Estou orgulhosa do meu corpo e acho que você deveria se orgulhar do seu também". Totalmente coerente com a mensagem de empoderamento e autoestima que ela costuma embutir em suas músicas.
Na verdade, é até espantoso —e um pouco desanimador— que, a essa altura da guerra, ainda haja tanto policiamento em cima do corpo alheio.
E não é só na internet. Alguns dias atrás, durante o concurso de Miss Universo, o modelo-e-ator Cássio Reis —que comentava o evento para a transmissão da Band— disse que a representante do Canadá só estava ali para cumprir cota.
A canadense Siera Bearchell é, de fato, um pouco fora do padrão habitual imposto às misses. É uma mulher grande, de ombros largos e rosto forte.
Mas também tem curvas fartas, seios generosos e um sorriso encantador. Ou seja: uns 99% da humanidade a achariam deslumbrante. Só que o gosto oficial determinado pelas indústrias da moda e da musculação exige corpos magérrimos, definidos, angulosos.
Já está mais do que na hora de nos libertarmos dessa ditadura estética e celebrarmos a beleza em todas as suas formas. O próprio Miss Universo, por exemplo, seria muito mais interessante se misturasse mulheres de todos os tipos e tamanhos. Ao invés das bonecas pré-fabricadas que temos hoje, poderíamos ter misses altas, baixas, "plus size", maduras, transexuais, com perna mecânica, com vitiligo.
Um dia chegaremos lá. Com a ajuda de figuras com Lady Gaga, que, para variar, mais uma vez lacrou.
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