Tony Goes

Como vencer o bolão do Oscar sem fazer força

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Chegou a temporada do Oscar, uma das duas épocas do ano mais queridas pelos cinéfilos de carteirinha (a outra, para quem mora em São Paulo, é a Mostra Internacional de Cinema, que acontece em outubro).

Mas não basta ver os filmes indicados. É preciso discuti-los, defender seus favoritos, fazer previsões arriscadas. Os mais exaltados também participam de bolões, confrontando seus palpites com os de outros exaltados.

Antigamente, na era pré-internet, vencer essas apostas era pura questão de sorte. Além dos filmes demorarem para estrear no Brasil, nossa imprensa não dedicava muito espaço ao assunto.

E havia aquelas categorias esotéricas, para as quais a única estratégia possível era o chute. Como, por exemplo, documentário em curta-metragem. Esses filminhos obscuros não passavam aqui sequer nos festivais.

Isto mudou: dos cinco indicados deste ano, quatro podem ser vistos online. "Extremis" e "White Helmets" estão disponíveis no Netflix. "Joe's Violin" e "4.1 Miles", no YouTube. Quem quiser emitir uma opinião embasada não perderá nem duas horas vendo todos os quatro.

Mas é aí que mora o perigo: opiniões são sempre subjetivas. Para vencer um bolão, o cinéfilo profissional não se deixa levar pelas suas preferências. Ele vota na indicação com mais chances de ganhar, não na de que gosta mais.

E quais são os indicados com mais chances deste ano? Vamos dar um rolê pelas principais categorias, levando em conta os prêmios precursores (Globo de Ouro, SAG, Bafta, etc.) e os prognósticos dos sites especializados:

Melhor filme e melhor diretor: Aqui não tem erro. Por mais que "La La Land" divida opiniões, estes Oscars já estão em seu papo. Além do mais, o musical de Damien Chazelle também é um filme sobre Hollywood - e Hollywood a-do-ra premiar a si mesma.

Melhor ator: Casey Affleck ("Manchester à Beira-Mar") teve seu favoritismo abalado por denúncias de assédio sexual e provavelmente será derrotado por Denzel Washington ("Um Limite Entre Nós"), que assim se tornará o primeiro ator negro com três Oscars.

Melhor atriz: Emma Stone ("La La Land"), apesar da cotação de Isabelle Huppert ("Elle") ter aumentado nos últimos dias.

Melhor ator coadjuvante: Mahershala Ali ("Moonlight - Sob a Luz do Luar").

Melhor atriz coadjuvante: Viola Davis ("Um Limite Entre Nós"), a maior barbada de todas (bocejo).

Melhor filme em língua estrangeira: Com as tentativas de Trump de barrar a entrada de muçulmanos nos EUA, o iraniano "O Apartamento" agora pode arrancar o Oscar que já estava quase nas mãos do alemão "Toni Erdmann".

E o resto? "La  La  Land" ainda deve levar os troféus de trilha sonora (dãã), canção (de suas duas indicadas, ganha "City of Stars"), design de produção e mixagem de som (musicais sempre vencem esta categoria). Mas perderá figurinos para "Jackie", edição de som para "Até o Último Homem" e roteiro original para "Machester à Beira-Mar". Roteiro adaptado vai para "Moonlight".

Fotografia: páreo duríssimo, com "Lion" assumindo a dianteira. Edição: melhor filme costuma papar este também, mas aposto mais em "A Qualquer Custo". Efeitos Especiais: "Mogli: O Menino Lobo", com seus animais fantásticos. Maquiagem: o sueco "Um Homem Chamado Ove".


Longa de animação? "Zootopia". Curta de animação? "Piper". Curta-metragem? "La Femme et le TGV". Documentário? "O.J.: Made in America", o mais longo (oito horas!!) concorrente de todos os tempos.

Ah, e documentário de curta-metragem? Anote aí: vai dar "Joe's Violin". Boa sorte para todos nós.


Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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