Tony Goes

'Programa do Porchat' estreia com deslizes, mas já mostra personalidade

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Era um desastre quase tão esperado quanto a Olimpíada. Não faltou quem previsse um abalroamento daqueles entre Fábio Porchat, conhecido pelos esquetes ácidos do Porta dos Fundos, e sua nova casa, a Record, controlada pela Igreja Universal do Reino de Deus.

Mas, assim como a Rio-2016, a estreia do "Programa do Porchat" na madruga de quarta para quinta (25) foi um grande sucesso —apesar de alguns senões, é claro.

Vamos a eles. A iluminação estava chapada demais, sem nuances. Um problema recorrente em qualquer canal que não se chame Globo. Os convidados, Sasha Meneghel e Wesley Safadão, renderam pouco e não tiveram o impacto esperado. As brincadeiras no palco foram bem mais ou menos. E Porchat falou, falou, falou, falou, falou, dando um novo sentido à expressão "talk-show".

Por outro lado, o ritmo fluiu bem, apesar dos diversos segmentos terem sido gravados em datas diferentes (o monólogo de abertura, por exemplo, foi feito no próprio dia da estreia, para chegar ao ar o mais quente possível).

Os vídeos irônicos, obrigatórios nos programas do gênero desde a troca de gerações nos "late night" da TV americana, foram engraçados e até ousados. Não pouparam nem a própria emissora.

E, acima de tudo, Porchat foi Porchat. O que se viu na TV não foi uma versão aguada de sua persona na internet: foi a mesma persona, ainda que adaptada para um canal aberto e um público que talvez ainda não a conheça direito. Significativamente, o "Fala que Eu te Escuto" que veio na sequência começou com uma matéria sobre a família e a carreira do apresentador.

De resto, o programa não trouxe nenhuma grande inovação. Ainda não surgiu um quadro que possa se tornar sua marca registrada, como o "Lip Sync Battle" de Jimmy Fallon ou o "Carpool Karaoke" de James Corden, que costumam viralizar online depois de exibidos pela televisão.

Mas isto vem com o tempo. Por enquanto, o grande diferencial é o próprio Fábio Porchat. Seu estilo frenético esconde uma doçura que falta, aham, a Danilo Gentili. Já deu para perceber que sua metralhadora verbal jamais irá mirar no convidado. A vítima mais frequente de suas piadas é ele mesmo.

Nas redes sociais, a imensa maioria dos comentários foi favorável. No Ibope, uma façanha: o Programa do Porchat chegou a picos de quase 10 pontos na Grande São Paulo, batendo a concorrência com facilidade.

Isto era até esperado na estreia. Agora o jogo começa para valer. Ainda há muito o que fazer, mas uma coisa essencial o Programa do Porchat já tem: personalidade.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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