Campanha de lingerie 'plus size' confirma que os homens preferem as gordas
A propaganda que celebra a beleza das mulheres "de verdade" não é novidade. A Natura começou a usar este conceito ainda nos anos 1980, muito antes da linha Dove, da Unilever, veicular uma campanha parecida a nível planetário.
Mas poucas vezes esta ideia foi aplicada de maneira tão abertamente sensual como no lançamento da coleção Cacique, da marca americana de lingerie Lane Bryant, especializada no segmento "plus size".
O comercial lançado nesta semana causou impacto imediato, mostrando modelos lindas para lá de cheinhas. E a hashtag "I'm No Angel" (eu não sou um anjo) —uma provocação à concorrente Victoria's Secret, que chama de anjos suas manequins magérrimas— gerou uma onda de compartilhamentos de fotos de gordas sexy nas redes sociais.
Mas o efeito mais curioso desta ação publicitária não foi a sensação de empoderamento da mulherada que não se encaixa nos padrões de magreza. Foi a reação dos homens. Basta conferir os comentários de qualquer página da internet que fale desta campanha para confirmar a realidade que a nossa cultura tenta esconder: os homens preferem as gordas.
Não exatamente as obesas, embora estas também tenham seus fãs. Mas as fartas, as roliças, as de seios generosos e quadris amplos. Se forem bonitas de rosto como as moças do filme da Lane Bryant, então, sai de baixo. "Comia todas", entusiasmou-se um internauta num comentário, no que foi aplaudido pelos demais visitantes do site.
Mas então quer dizer que fomos enganados estes anos todos? A necessidade de ficar "definida", com barriga negativa, tônus muscular nas alturas e 0% de gordura corporal, é pura balela?
É. Pelo menos desde a Vênus de Willendorf, a estatueta pré-histórica que representa uma mulher gorda, que a preferência estética de quase toda a humanidade é pelas mais cheinhas.
Há uma razão biológica para isto. Seios e cadeiras grandes sinalizam que a moça em questão é, provavelmente, boa parideira. Vai gerar filhos saudáveis e garantir a reprodução da espécie.
E também há uma razão social. Em muitas culturas, gordura é símbolo de status. Se a mulher é gorda, isto significa que ela tem os meios para se alimentar muito bem, enquanto os demais sofrem com a escassez.
Mas no Ocidente, desde meados do século 19, a magreza começou a ser valorizada e perseguida. O principal vetor desta mudança é a indústria da moda. Porque corpos magros funcionam como cabides humanos: a roupa cai bem neles e é melhor apreciada, ou seja, vende mais fácil.
Por causa disto, bilhões de mulheres no mundo inteiro sofrem para alcançar um padrão físico irreal. Só que esqueceram de avisar aos homens. Por baixo da lavagem cerebral imposta pela ditadura fitness, eles continuam preferindo as gordas.
A campanha "I'm No Angel" escancarou essa preferência. Que venham outras.
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