Beijo de Theodoro Cochrane: invasão de privacidade ou notícia válida?
A mídia brasileira descobriu este ano uma coisa que qualquer folião já sabia há décadas: rola muito beijo gay durante o Carnaval. Ou melhor, claro que a mídia também sabia. Mas em 2015 ela resolveu cobrir o beijo gay como se fosse uma novidade tão grande quanto os painéis de LED no sambódromo carioca.
O protagonista involuntário dessa cobertura foi o ator Theodoro Cochrane, 35, também chamado pelos sites de fofocas de "filho de Marília Gabriela". Theo foi fotografado beijando o modelo gaúcho Lauro Piuma no camarote da Schin, em Salvador. Paparazzi se encarregam de distribuir a foto aos veículos de comunicação.
Filho de Marília Gabriela se dá bem e beija moreno gato no Carnaval; veja
Como era de se prever, as caixas de comentários se encheram de termos como "nogento", "despresível" e "asqeroso" —grafados desse jeito, num sinal inequívoco de que os homofóbicos são mesmo pessoas de poucas luzes. Mas também houve muitos comentários a favor, e manifestações de apoio como a que o deputado Jean Wyllys fez em outro camarote.
Se estivéssemos na França, Theodoro poderia processar a cervejaria e todos os portais que publicaram a foto. Qualquer tipo manifestação de afeto ou sexualidade é considerada de foro íntimo por lá, não importa se feita em praça pública ou entre quatro paredes.
No Brasil essa questão é mais complicada. O ator estava no camarote de um fabricante de bebidas, onde os convidados são obrigados a usar camisetas com o logo da marca e se expõem a fotógrafos também credenciados pelo próprio fabricante. Acabam fazendo propaganda gratuita para a cerveja, em troca de algumas mordomias.
Portanto, os rapazes estavam perfeitamente cientes de que poderiam ser flagrados —e mesmo assim não se contiveram. Nenhum dos dois se manifestou até agora, nem tirou do ar sua página em qualquer rede social. O que dá a entender que não estão nem aí, e isto é ótimo.
O beijo gay não é só parte do Carnaval. É parte da vida, e está cada vez mais presente na televisão na imprensa. Se achamos que é válido mostrar um astro da TV se atracando com uma "morena misteriosa" —e achamos, porque este tipo de notícia costuma ser recordista de cliques— então também temos que achar que é válido mostrar beijos entre famosos do mesmo sexo.
Mas, e os comentários agressivos? Ora, os "trolls" da internet não perdoam nem chás beneficentes em prol das criancinhas órfãs. Essa corja que se esconde atrás do anonimato também faz parte da vida, infelizmente. Mas, felizmente, não são só eles que comentam na rede.
Goste-se ou não, o beijo gay chegou para ficar. É melhor relaxar e gozar.
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