Tony Goes

Escolha do elenco é, de longe, o ingrediente mais importante do 'BBB'

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Foram revelados esta semana os 13 participantes da próxima edição do "Big Brother Brasil", a 15ª, que estreia no dia 20 de janeiro.

O número baixo surpreendeu: há muito que não se via tão pouca gente na largada do "reality". Ultimamente a população confinada vinha sendo inflacionada, com jogadores entrando no meio da competição ou voltando a ela depois de eliminados. Uma embolação generalizada.

Agora são só 13, e provavelmente o público terá um tempinho para se envolver com cada um deles. Não deve se repetir a experiência do "BBB Turbo" do ano passado, que ejetou muitos concorrentes logo nos primeiros dias sem causar o menor impacto na audiência.

A composição deste novo elenco também chamou a atenção. É assumida a intenção de trazer mais "gente como a gente". Privilegiaram-se as pessoas comuns, em detrimento das "modelos-e-atrizes" e dos marombados que se tornaram clichês ambulantes.

É mais do que louvável que haja candidatos mais velhos, ao invés da fauna habitual com pouco mais de 30 anos. Resta saber se o espectador não irá defenestrá-los logo de cara, como fez com os maduros de edições passadas.


O "release" divulgado pela Globo é minimalista: só mostra o nome, a cara, a idade e a profissão de cada um dos novos jogadores. Todos já estão tendo seus perfis devassados nas redes sociais por jornalistas ávidos por mais informações. Mas é simplesmente impossível saber quem irá de fato nos entreter, e quem assumirá o tradicional papel de "samambaia" —aquele "brother" que tenta passar despercebido, falando o menos possível e agindo menos ainda.

Nem a experiente produção consegue acertar todos, mesmo com mais de uma década de experiência nas costas. A cada ano há pelo menos uns quatro que não deveriam ter sido selecionados: não "causam", não empolgam, parecem estar apenas cumprindo tabela.

É uma pena, porque nada é mais determinante para o sucesso do "BBB" do que a escolha de seus participantes. Muito mais do que a nova decoração da casa, a dificuldade das provas ou as regras em mutação perpétua.

Lembro sempre do primeiríssimo "reality show" de confinamento exibido pela TV brasileira: a "Casa dos Artistas" de 2001, produzida pelo SBT.

Havia ali um mix quase ideal de vilões e mocinhos. Gente para torcemos contra e a favor. Também havia, é claro, o bônus da novidade: nenhum deles conhecia aquele tipo de programa, e comportavam-se diante das câmeras com uma espontaneidade que não existe mais.

Tomara, mas tomara mesmo, que essa galera do "BBB15" seja minimamente interessante. Ninguém aguenta mais passar três meses vendo gostosões e boazudas proferindo asneiras e inventando romances artificiais. O novo "BBB" não pode ter jeito de ex-"BBB".

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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