Tony Goes

Roberto Carlos anuncia carne e prejudica a própria marca

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A pergunta que não quer calar: o que levou Roberto Carlos a estrelar um comercial da Friboi?

A resposta óbvia é dinheiro —e não, dinheiro nunca é demais, nem para quem é o cantor brasileiro de maior sucesso de todos os tempos.

Mas não deixa de ser curioso que alguém tão cioso da própria imagem tenha concordado em se expor desta maneira. Será que Roberto não imaginou que sofreria tantas críticas?

É conhecido o TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) do "Rei". Ele não permite que ninguém use a cor marrom perto de si. Não canta há anos "Quero que Tudo Vá para o Inferno", um de seus primeiros hits, só por causa da palavra "inferno" na letra (que, aliás, não tem nada de satânica).

Verdade que ele vem se tratando, e até prometeu incluir a canção em seu repertório ainda em 2014. Mas sua obsessão por controlar o que falam dele continua intacta.

Em 2007, Roberto conseguiu tirar de circulação o livro "Roberto Carlos em Detalhes", do jornalista Paulo César de Araújo, por se tratar de uma biografia não autorizada. Há pouco tempo impediu a publicação de uma tese de mestrado sobre a Jovem Guarda, alegando inclusive que a caricatura que ilustrava a capa era "não autorizada".


Quando boa parte da opinião pública se colocou a favor das biografias não autorizadas, Roberto renegou publicamente o grupo "Procure Saber", que fundara ao lado de nomes como Gilberto Gil e Caetano Veloso. Mais uma vez, ele preferiu posar de bonzinho.

Mas agora é o vilão da vez. Seu papel como garoto-propaganda para a Friboi vem sendo criticadíssimo nas redes sociais. Vegetarianos militantes acusam-no de promover a matança de bichinhos inocentes. Invejosos de plantão repetem que ele não precisava do cachê que recebeu (que não foi divulgado). Espectadores comuns apontam a "tosquice" do comercial.

Foram tantas pedradas que a Friboi desativou os comentários em sua página no YouTube. Mas eles proliferam no resto da internet: de Rafinha Bastos a anônimos, parece que o Brasil se voltou contra seu soberano.

Claro que o anunciante deve estar se divertindo com tudo isto, já que sua marca está cada vez mais conhecida (só falta alguém pedi-la pelo nome num supermercado ou restaurante).

Mas e Roberto, como será que está? Um cara que se preserva tanto, que aparece poucas vezes por ano na TV, que cuida de detalhes tão pequenos da maneira como é percebido pelo público, não deve estar gostando nada.

E com razão: o "rei" pode ter arranhado a própria marca. Um patrimônio que ele levou meio século para construir, e que vale muito mais do que o mais milionário dos cachês.

Ainda é cedo para dizer se estes arranhões são passageiros, ou se a imagem de bom moço de RC vai sofrer um abalo mais profundo. Seus fãs sempre o perdoaram. Mas será que ele vai ficar para sempre com cheiro de bife nos cabelos?


Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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