Lançamento de Beyoncé muda as regras do mercado
"Artpop" levou mais de um ano sendo lançado. Lady Gaga divulgou o nome de seu quarto disco em meados de 2012, prometendo a mais sensacional obra-prima de todos os tempos.
Ao longo deste ano, foram sendo revelados trechinhos de uma ou outra faixa. A cantora também incluiu algumas dessas canções no repertório de seus shows. Em agosto, finalmente, o single "Applause" vazou na internet, e logo depois teve lançamento oficial.
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Seguiu-se o clipe correspondente, mais dois singles, mais vídeos, mais shows. Quando "Artpop" chegou às lojas físicas e virtuais em novembro, já era conhecido por boa parte do público --e decepcionou nas vendas.
Lady Gaga se acha uma grande inovadora, mas sua estratégia de marketing não difere em nada do que os grandes nomes do pop vêm fazendo há anos.
Primeiro é mostrado só um "demo" inacabado do novo trabalho. Mais tarde surge a chamada "música de trabalho", para ser tocada à exaustão nas rádios. Só depois de uma maciça campanha publicitária é que vem o álbum completo, muitas vezes acompanhado por uma versão "deluxe" com faixas extras e o escambau.
Deu certo por um tempo. Não tem dado mais.
Foi talvez por ter percebido isto que Beyoncé optou por lançar seu novo trabalho todo de uma vez. Sem nenhum aviso prévio, ela disponibilizou na sexta-feira passada (13) todas as 14 músicas e 17 vídeos do "álbum visual" que leva seu nome, mas apenas na iTunes Store.
Ao contrário do que os internautas estão acostumados, desta vez não é possível comprar faixas individuais. Ou se leva o pacote completo, ou não se leva nada. Beyoncé diz que quer voltar à época em que as pessoas ouviam um disco do começo ao fim, e não só os sucessos do momento.
Resultado: sucesso absoluto. "Beyoncé" já lidera as paradas em mais de uma centena de países. Só nos EUA foram quase um milhão de downloads em menos de uma semana.
A versão física do CD/DVD deve chegar às lojas na semana que vem. Quer dizer, a todas não: a rede americana Target já disse que não quer nada que tenha saído antes na internet. Beyoncé deve estar preocupadíssima.
E o disco em si, como é? Alguns fãs vão achá-lo desafiador: "Beyoncé" de fato demanda muita atenção do ouvinte. Não há hits óbvios nem refrões para se sair assobiando. Por isto mesmo, outros fãs vão achar uma chatice.
O curioso é que, para um autoproclamado "álbum visual", "Beyoncé" ousa mais como áudio do que como vídeo. Os clipes são todos ótimos, é claro, e produzidos com o melhor que o dinheiro pode comprar. Mas nenhum traz novidades formais - e nem mesmo a simplicidade de um "Single Ladies".
A verdade é que, apesar da sofisticação de músicas como "Haunted" ou "Blue" (cujo vídeo foi totalmente gravado no Rio e em Trancoso), nenhuma delas irá levantar estádios na próxima turnê da estrela.
Beyoncé deve estar preocupadíssima...
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