Será que Daniela Mercury está exagerando?
Desde que postou uma foto no Instagram assumindo o namoro com Malu Verçosa, em abril passado, Daniela Mercury nunca mais saiu da mídia.
Ela foi a grande estrela da parada gay de São Paulo; esteve em praticamente todos os programas de entrevistas da TV, muitas vezes com Malu a tiracolo. Nesta semana, está lançando um livro contando (mais) detalhes da relação.
Foi para promover a obra que o casal esteve no "Encontro com Fátima Bernardes" na segunda-feira (9). As duas também participaram de um debate sobre o beijo gay nas novelas. No final, Daniela beijou Malu mais uma vez diante das câmeras da Globo (a primeira foi no "Fantástico", em julho).
E assim deu mais munição a seus críticos. Aqueles que a acusam de expor exageradamente sua intimidade, só para alavancar uma carreira que estaria em decadência.
O curioso é que ninguém acusou, por exemplo, Naldo e a Mulher Moranguinho de estarem se autopromovendo quando a festa de casamento dos dois foi um grande evento midiático.
Claudia Raia e Jarbas Homem de Mello também escapam desse tipo de comentário --e isto apesar de eles terem, sim, um interesse não muito oculto ao posar para as revistas de celebridades: impulsionar o espetáculo "Crazy for You", estrelado por ambos e em cartaz em São Paulo.
Só isto já demonstra a homofobia latente daqueles que apontam marketing pessoal nas atitudes de Daniela Mercury. Mas a verdade é justamente o contrário. A cantora pode estar prejudicando a própria carreira ao levantar tantas bandeiras.
Explicando melhor: Daniela abraçou a causa gay como nenhum outro artista brasileiro havia feito antes. Ao escancarar ao mundo sua normalidade, ela quer servir de exemplo e incentivar os medrosos a saírem do armário.
Corre com isto o sério risco de eclipsar seu trabalho artístico. Seu nome não é mais imediatamente associado à música, e sim à luta pelos direitos iguais. Sua coragem pode lhe custar muitos fãs e, a médio prazo, até mesmo faturamento.
Não duvido que seus empresários lhe tenham alertado sobre este perigo. Mas Daniela não está nem aí: não parece interessada em vender mais discos ou ingressos. Tornou-se uma paladina da causa LGBT, e que se danem os incomodados.
Do ponto de vista comercial, ela pode mesmo estar exagerando ao não agir como a colega Ana Carolina. Assumidamente bissexual, a cantora já disse que não vai se envolver em nenhuma questão política.
Mas do ponto de vista humano --e, por que não, artístico-- Daniela está certíssima. Seu discurso pode ser chato para muita gente, mas é mais do que necessário. Quem dera houvesse outros como ela.
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