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Tony Goes

Esta é a semana de ouro para assistir e implicar com "BBB13" e "Mulheres Ricas"

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"Hate-watching": literalmente, assistir com ódio a algum filme ou programa de TV. Mas "ódio" soa pesado demais em português. Talvez uma tradução mais apropriada para este caso seja raiva, desprezo ou até mesmo implicância. Implicamos com tal programa, mas nem por isto deixamos de assisti-lo.

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Em 2012, a expressão "hate-watching" se consolidou na mídia americana. Ao lado dos melhores filmes ou livros do ano, muitas revistas e sites também listaram as atrações mais "hate-watchable" da televisão. Inúmeros reality shows foram lembrados, é claro, mas também algumas produções "de prestígio", com altos orçamentos e elencos estrelados. Séries como "Smash", "The Newsroom" e "The Killing" apareceram em quase todas as listas.

O fenômeno do "hate-wathcing" está diretamente ligado à emergência das redes sociais. Até a pregação religiosa mais inflamada fica boa quando assistida com um olho na TV e o outro na tela do computador. Os comentários dos amigos no Facebook e no Twitter transformam qualquer desastre numa festa.


Claro que esta tendência já se consolidou no Brasil. A inexistência de pen-drives em "Avenida Brasil", por exemplo, foi um dos maiores furos dramatúrgicos da última década, e sofreu uma saraivada de críticas na internet. Nem por isto a audiência se abalou: na verdade, falar mal da trama de João Emanuel Carneiro fez com que a experiência de acompanhá-la se tornasse ainda mais divertida.

Esta é uma semana dourada para os "hate-watchers" brasileiros. Estreia na Globo nada menos do que a 13a. edição do "Big Brother Brasil" (se bem que parece mais a milésima), o programa que mais amamos detestar. Como se não bastasse, a Band lança a segunda temporada de "Mulheres Ricas", com uma nova seleção de peruas adoráveis/odiáveis.

Nenhum dos dois programas se pretende "artístico" ou "educativo". Quem estiver em busca de elevação espiritual ou refinamento estético deve passar longe deles, é óbvio. Mas para os "hate-watchers" de carteirinha, entre os quais eu me incluo, é como se tivéssemos morrido e ido para o céu.

Cada "wuhuu" de uma "sister" se atirando na piscina é um momento de genialidade "trash" que merece ser eternizado num tuíte. Cada "hello" de Val Marchiori é uma faísca de banalidade que incendeia nossos instintos assassinos, felizmente canalizados para o teclado do computador.

Vamos parar de hipocrisia e deixar de dizer que esses programas poluem a mente das criancinhas ou comprometem o futuro do Brasil. Eles são o equivalente televisivo dos salgadinhos de pacote: não alimentam e podem até fazer mal para a saúde, mas são irresistíveis.

Portanto, não me convidem para nada esta semana. Vou estar todas as noites em frente à TV, com um laptop no colo. Eu e dezenas de amigos estaremos comentando em tempo real as barbaridades que surgirem na tela. Detestando tudo aquilo, mas também amando de paixão. "Hate-watchers" do Brasil, uni-vos!

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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