Tony Goes

Será que o lugar de Rafinha Bastos é mesmo na TV aberta?

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Esta foi a pergunta que surgiu na minha cabeça enquanto eu assistia ao "Roda Viva" (Cultura) de segunda passada. Também apareceu na dos membros da bancada do programa (entre eles, Tereza Novaes, a editora do "F5").

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"Você gera dinheiro na internet mas pode tirar dinheiro da TV", disse Silvia Poppovic a certa altura. Rafinha comentava o "poder" que teria no Twitter, onde qualquer coisa que diz repercute imediatamente entre seus mais de cinco milhões de seguidores.

Acontece que estes seguidores não o seguiram na Rede TV!, onde ele é o nome mais famoso do elenco do "Saturday Night Live". O programa estreou há dois meses e já passou por alguns ajustes, mas raramente ultrapassa um ponto de audiência.

Sim, dia e horário de exibição são mesmo ingratos, mas acho que não são as únicas explicações para o "SNL" não ter decolado. Hoje chego a pensar que a própria presença de Rafinha serve para afugentar uma parcela do público.

A malfadada piada sobre Wanessa e seu bebê, que provocou a saída do humorista do "CQC", repecurte mal até hoje, quase um ano depois de ter sido dita. É um estigma que talvez o acompanhe pelo resto de sua carreira.

O fato é que seu estilo ácido talvez não se encaixe mesmo na TV aberta dos dias dque correm. E não só o dele: Rafinha contou no "Roda Viva" que Fernanda Young lhe confidenciou que dificilmente conseguiria fazer "Os Normais" na atual conjuntura.

É algo para se pensar. Será que o espectador médio está ficando mais, com o perdão da má palavra, burro? Bruno Mazzeo, por exemplo, teve as gravações da segunda temporada de "Junto e Misturado" interrompidas porque, segundo consta, o humor do programa seria sofisticado demais para conquistar pontos no Ibope.

Talvez esperássemos demais de Rafinha, insuflados que estávamos pela matéria do "New York Times" que o apontou como a pessoa mais influente do Twitter em todo o mundo. O cara pode ser um gigante nas redes sociais, lotar teatros com seu show de "stand-up" e até brilhar na TV paga. Fui um dos poucos que viu o piloto de seu programa no canal FX, "A Vida de Rafinha Bastos", e não é que eu gostei muito?

Mas TV aberta é uma outra história. Ainda mais neste momento, em que a concorrência entre as emissoras é a mais acirrada desde que a Globo atingiu a liderança no começo dos anos 70. Quase não existem programas voltados para nichos do público: a imensa maioria quer agradar a todo mundo, o tempo todo.

Rafinha Bastos não agrada a todo mundo, e não há nada de errado com isto. Ele próprio não faz questão de ser unanimidade. Mas talvez devesse se espelhar em colegas gringos como Larry David ou Ricky Gervais, que encontram liberdade total e audiência fiel (porém pequena, é verdade) na TV paga.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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