Tony Goes

O primeiro aniversário do "F5": fica, vai ter bolo

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Parece que a imprensa especializada em celebridades começou no Jardim do Éden, logo depois que a costela do primeiro homem passou por um "upgrade". Os sites da época deitaram e rolaram --sim, sites, pois se era o Paraíso, é lógico que havia internet.

Algumas das chamadas que tiveram mais cliques: "Quem é esta criatura misteriosa ao lado de Adão?"; "A serpente garante: são apenas bons amigos"; e a campeã de audiência, "Flagra: Eva tem celulite!".

Não existem registros arequeológicos do que realmente se passou, mas não resta dúvida de que o ser humano sempre teve fascinação pela vida alheia. Cleópatra era mestra em espalhar boatos a respeito de si mesma.

No final do século 18, folhetos apócrifos revelavam os podres da corte francesa e aceleravam a revolução.

No século 20, a colunista americana Louella Parsons destruía carreiras com uma penada, e os estúdios de Holywood inventavam namoradas para seus astros gays.

Aqui no Brasil a indústria da fofoca se firmou com a "Revista do Rádio", que servia primordialmente para dar rostos àquelas vozes desencorpadas que invadiam os lares. Depois chegou a TV, e em seu rastro surgiram "Intevalo", "Amiga", "Ti Ti Ti"

Hoje passamos grande parte do nosso tempo "online", anônimos e famosos, e o jogo mudou de regra. Há mais exposição, mais interação e todo mundo tem sua própria opinião --quase sempre negativa, é claro. Um dos prazeres da vida moderna é "trollar" os artistas nas redes sociais. Já os comentários das notícias são terra de ninguém: é tiro para todo lado.

Durante este primeiro ano do "F5", me diverti à pampa, levei algumas bordoadas e aprendi uma coisinha ou outra. Foram muitos os momentos marcantes: das reclamações recorrentes de que só cobrimos futilidades (por que então a pessoa não vai ler "Crítica da Razão Pura", de Immanuel Kant?) à minha "briga" pública com Luana Piovani, a favorita do leitorado e nossa musa absoluta.

Luana é uma das muitas celebridades que se jogam no Twitter, um dos fenômenos mais curiosos desses tempos que correm. Jamais o público teve um acesso tão fácil a seus ídolos, e nunca estes se exibiram tanto. Alguns ainda se resguardam, é verdade. Mas inúmeros usam a máquina a seu favor, cavando uma citação aqui e outra ali, e se mantendo em evidência mesmo sem fazer nada de relevante.

São tempos peculiares, em que a fama parece estar ao alcance de qualquer um. Basta um blog, ou um Tumblr, ou uma foto engraçada no Orkut.

A velha máxima de Andy Warhol se transformou: não é mais "no futuro, todo mundo será famoso por 15 minutos". Agora é "dentro de 15 minutos, todo mundo será famoso".

É neste admirável mundo novo que o "F5" navega, não só dando as notícias mas interagindo com as estrelas e com os leitores.

E agradecemos a preferência. Sabemos que você tem milhares de opções na ponta dos dedos, algumas bem mais picantes. Estamos em constante mutação: não estamos "prontos", nem nunca estaremos. Mas agora chega de falar de nós mesmos: vamos falar dos outros? É bem mais divertido.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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