Por que refazer "Homem-Aranha" tão cedo?
Faz só dez anos que o Homem-Aranha estreou no cinema. O primeiro longa-metragem estrelado pelo personagem era dirigido por Sam Raimi e tinha Tobey Maguire no papel principal. Fez um sucesso enorme e gerou duas continuações, em 2004 e 2007.
Depois de cinco anos longe das telas, o alter-ego do jovem Peter Parker está de volta. Mas o novo filme não tem um "4" no título: é um recomeço, um retorno à estaca zero. Com novo diretor, novo elenco e uma nova história da origem do super-herói, diferente da que nos foi contada em 2002.
Por quê essa refação tão precoce? Os filmes de Sam Raimi ainda estão frescos na memória. Mas é verdade que Tobey Maguire já está meio velho para o personagem: aos 37 anos de idade, o ator dificlmente convenceria como um rapaz de 17. E já existe toda uma geração de adolescentes que era pequena demais para ter visto no cinema as versões originais.
Eis aí o dilema que os produtores encararam: para manter viva a franquia do "Homem-Aranha", uma das mais lucrativas da história do cinema, era preciso matá-la e ressuscitá-la. O resultado acaba de estrear: é "O Espetacular Homem-Aranha", dirigido por Marc Webb e estrelado por Andrew Garfield.
Sim, o novo filme faz jus ao título. Os efeitos são realmente espetaculares, ainda mais se vistos numa sala IMAX em 3D. E Andrew Garfield, um ator de muito mais recursos que Tobey Maguire, traz uma carga de emoção ao personagem que seu antecessor no papel nem desconfiava existir.
A história é diferente da de dez anos atrás, mas não muito. Peter Parker ainda é criado pelos tios, ainda é picado por uma aranha geneticamente alterada e ainda é um rapaz algo desajustado, sem muitos amigos. Mas sua namorada agora não é mais Mary-Jane e sim Gwen Stacy, e o vilão Lagarto não aparecia nos filmes anteriores.
Apreciadores de histórias em quadrinhos estão mais do que acostumados com versões alternativas, mundos paralelos e "reboots" de seus personagens favoritos. E o "Espetacular Homem Aranha" até que não se afasta muito da história original.
Mas, para quem já tinha visto os filmes de Sam Raimi, este novo episódio não traz grandes novidades. É muitíssimo bem feito e divertido do começo ao fim, mas não tem o impacto da primeira vez. E nem poderia ter.
O filme estreou em primeiro lugar nas bilheterias do mundo inteiro, e temo que este sucesso todo precipite uma onda de refações cada vez menos espaçadas entre si. Já se fala de uma nova versão do Batman, que entraria em produção assim que for concluída a trilogia de Christopher Nolan. E o Super-Homem regressa ao cinema já no ano que vem, no filme "O Homem de Aço".
Quanto tempo vai demorar para que refilmem a série "Harry Potter"? Afinal, o primeiro filme do bruxinho é do longínquo ano de 2001. Já está assim de criança que nunca o viu no cinema. Hollywood vai perder essa chance?
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