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Tony Goes

"A Liga" fez um "gay day" simpático e simpatizante

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Na semana da 16ª Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, o programa "A Liga" (Band) colocou uma equipe na rua para cobrir aquele que, apesar da guerra de números, ainda é um dos maiores eventos gays do mundo.

E não se restringiu à parada em si: alguns repórteres do time foram acompanhar grupos de drag queens num parque de diversões, numa partida de vôlei e até mesmo durante o processo de "montação". E Cazé fez uma longa entrevista com o deputado federal Jair Bolsonaro, o porta-bandeira da reação ao avanço dos direitos igualitários.

"A Liga" acabou fazendo um pêndulo entre as declarações de Bolsonaro e do também deputado federal Jean Wyllys: um atacava de lá, o outro defendia de cá. Um contraponto jornalístico saudável, claro. Mas o programa não escondeu de que lado estava sua simpatia.

A abordagem foi até bastante leve para um tema ainda tão polêmico. Grande parte do tempo foi ocupado pelas drags, que, com suas roupas coloridíssimas e sua extroversão, são sempre garantia de boas imagens para a TV.

Mas, se a ideia era mostrar diversidade, faltaram vários segmentos da sigla GLBT: apenas um casal gay "desmontado" foi entrevistado, assim como um houve único depoimento de "bullying" sofrido na escola, dado por um rapaz. As lésbicas simplesmente não apareceram.

Por outro lado, muitos simpatizantes marcaram presença: artistas, senhoras e famílias convencionais foram abordadas na Paulista, todos se divertindo com o evento e promovendo a integração. Pena que a captação de áudio não estava das melhores --o que é até desculpável, dado o pandemônio sonoro promovido pela Parada.

"A Liga" passou ao largo da crise enfrentada pela atual diretoria da APOGLBT (Associação da Parada do Orgulho GLBT), que vem sendo acusada de ineficaz e pouco transparente. Também não entrou na polêmica que envolve o número de participantes do evento e deu como verdadeira a cifra astronômica de quatro milhões de pessoas, já desmentida por institutos de pesquisa.

Escorregadas à parte, o maior mérito do programa exibido ontem foi mostrar um pouco dos seres humanos que estão por baixo daquelas perucas imensas e daquela maquiagem carregada. No dia-a-dia, as drags são pessoas comuns, que trabalham e pagam impostos como todo mundo.

São a ponta-de-lança do movimento homossexual e pagam um preço alto pela visbilidade carnavalesca, sendo frequentemente chamadas de alienadas. Mas as entrevistas com elas mostraram um grau de conscientização raro entre os gays que se gabam de ser discretos. Ponto para elas, e também para "A Liga".

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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