Divirta-se com o Eurovision, o festival mais cafona do mundo
Esqueça Cannes. O festival mais divertido que rola na Europa esta semana é o Eurovision. Quer dizer, "Europa" é um conceito meio elástico: a edição 2012 de um dos mais tradicionais concursos musicais do mundo está acontecendo em Baku, capital do Azerbaijão.
E desde quando o Azerbaijão é um país europeu? Desde que se associou à EBU (European Broadcast Union, ou União de Radiodifusão Europeia), que inclui não só todos os países europeus como também os do norte da África e alguns do Oriente Médio.
O Eurovision (ou Eurovisão, como dizem os portugueses) é realizado desde 1956, a cada ano no país que venceu a edição do ano anterior. Já revelou nomes importantes para a música pop como o ABBA (que venceu pela Suécia, em 1974) ou Céline Dion (que, apesar de canadense, venceu pela Suíça em 1988), mas nunca se destacou pela qualidade.
Em linguagem mais clara: as musiquinhas que concorrem no Eurovision costumam ser péssimas. Algumas são mesmo insuportáveis; outras atingem um nível de cafonice que beira o sublime.
É o caso de "Party for Everybody", uma das favoritas de 2012. Uma faixa animada e brega cantada em inglês e udmurt (uma língua regional da Rússia) por um grupo folclórico formado por velhinhas simpáticas, as Vovós de Buranovo. Simplesmente irresistível.
Mas como assim, velhas russas cantando em inglês? Pois é: muitos dos artistas concorrentes gravam uma versão no idioma de seu país e outra em inglês para o festival. Uma das honrosas exceções é justamente Portugal - que, talvez por isto mesmo, jamais tenha vencido o Eurovision (e já foi desclassificado na edição deste ano).
Por falar nisto, o vencedor é escolhido de maneira complicada e controversa. Há um júri, mas o que pesa mesmo é o voto popular. Os espectadores podem indicar sua canção favorita por telefone ou pela internet, contanto que não seja a representante de seus próprios países.
E aí o que acontece é que as rivalidades regionais, que já provocaram tantas guerras, são rapidamente esquecidas em nome da identidade cultural. Bósnios votam em sérvios, tchecos em eslovacos, gregos em cipriotas e assim por diante.
Mas de vez em quando surge um fenômeno que agrada a todo mundo, como o norueguês Alexander Rybak. O rapaz venceu em 2009 com uma das maiores pontuações da história do festival. Outro fato marcante foi a vitória da transexual israelense Dana International em 1998.
Assim como os Jogos Olímpicos, o Eurovision é um evento que procura promover a paz, mas que acaba sendo vítima das complicações políticas. Este ano a Armênia se recusou a participar, porque tem conflitos fronteiriços mal resolvidos com o Azerbaijão.
Talvez não faça falta: 42 países foram cantar e dançar no novíssimo Crystal Hall de Baku, com transmissão para o mundo inteiro. As semi-finais aconteceram terça e quinta desta semana, mas quem gosta de superproduções kitsch ainda pode ver a finalíssima no sábado, dia 26, a partir das 16 horas (horário de Brasília). Passa na TVE (Televisión Española), disponível em alguns pacotes de TV paga, e os vídeos de todos os participantes estão disponíveis no YouTube, no canal Eurovision. É ver para crer.
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