A ressurreição de Jennifer Lopez e a morte de Donna Summer
Duas divas da música americana estiveram nas manchetes dos últimos dias. Vou começar pela notícia mais alegre: Jennifer Lopez encabeça a lista das celebridades mais poderosas do showbiz, publicada todo ano pela revista "Forbes".
Isto é que é volta por cima, hein? Faz apenas dois anos que J.Lo era considerada carta fora do baralho. Seus discos encalhavam, seus filmes passavam batido. Para sua maior humilhação, tropeçou e caiu no chão durante a performance de "Louboutins" nos American Music Awards de 2009.
Parecia o final inglório de uma carreira excepcional. Em 2001, Jennifer Lopez foi a primeira mulher desde Barbra Streisand a emplacar dois primeiros lugares na mesma semana, tanto na lista dos discos mais vendidos dos EUA (com o álbum "J.Lo") como na dos filmes mais vistos ("O Casamento dos Meus Sonhos").
Uma façanha e tanto para quem não tem um décimo do talento de Barbra.
Mas isto nunca foi empecilho para esta filha de porto-riquenhos nascida em Nova York e que só foi aprender a falar espanhol depois de adulta. Assim como Madonna, J.Lo começou como dançarina (pode ser vista ao fundo no clipe de "That's the Way Love Goes" de Janet Jackson). Depois enveredou pelo cinema e só foi gravar um disco no final dos anos 90.
Veja o clipe:
E assim como Madonna, a voz nunca foi seu ponto forte. Mas Jennifer soube se rodear de bons produtores e explorar a imagem de moça humilde que se deu bem. Que acabou sendo eclipsada por seu tumultuado namoro com Ben Affleck e por sua fama de temperamental. Nem o casamento com Marc Anthony serviu para reviver sua fama.
Então ela foi convidada para o júri do "American Idol", e a carreira pegou no tranco. O curioso é que seu disco "Love?" nem vendeu tanto assim, nem ela foi a artista que mais faturou em 2011. Mas a lista da "Forbes" não se baseia só em dinheiro.
Contam pontos também os seguidores nas redes sociais, os contratos de propaganda e a presença na mídia como um todo. Também há o próprio interesse da revista em ser notícia: se a lista pusesse Lady Gaga novamente no topo, não teria tanta repercussão.
O fato é que J.Lo sabe (ou reaprendeu a) se administrar muito bem. Hoje em dia quase não estrela mais nada sozinha: prefere andar em turma. Divide seu próximo filme, "O Que Esperar Quando se Está Esperando", com Rodrigo Santoro e mais uma pá de atores. Fará uma turnê pelos EUA com Enrique Iglesias e a dupla Wisin & Yandel. E virá ao Brasil pela terceira ou quarta vez este ano (já perdi a conta), para participar de um festival.
Quem dera que Donna Summer tivesse sido esperta assim. A rainha da "disco music" só teve alguns anos de sucesso absoluto, entre 1976 e 1983. A separação do produtor Giorgio Moroder não lhe fez bem: nada do que ela gravou depois é comparável.
Donna ainda deu um tiro no próprio pé ao atacar os gays durante alguns shows na década de 80. Reconvertida à fé religiosa, ela acabou alienando seu maior público. Mais tarde se arrependeu e pediu perdão, mas passou o resto da vida tentando se explicar.
Não importa muito: a música de Donna Summer toca até hoje e vai continuar tocando por muito tempo, porque é simplesmente sensacional. "Love to Love You Baby", "Could it Be Magic", "I Feel Love", "Hot Stuff" e dezenas de outras estão entre as melhores pérolas pop de todos os tempos.
E daqui a dez anos, será que alguém ainda vai lembrar de Jennifer Lopez?
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