Oscar 2011: Grandes atrizes em filmes mais ou menos
Para quem acompanha o Oscar como se fosse uma corrida de cavalos, esta temporada promete ser uma das mais empolgantes dos últimos tempos. Não há francos favoritos em quase nenhuma das categorias principais, a não ser ator coadjuvante.
Nessa, o veteraníssimo Christopher Plummer pode ir abrindo espaço na prateleira. Ele teve sua primeira indicação ao prêmio há apenas dois anos, e agora deve levar pelo papel de um homem idoso que se assume gay depois que fica viúvo, no filme australiano "Beginners".
Esta é a única barbada. Para melhor filme, "O Artista" e "Os Descendentes" estão embolados. Destes dois títulos vêm, respectivamente, Jean Dujardin e George Clooney, que prometem uma luta de foice pelo Oscar de melhor ator. Ainda mais indefinida está a categoria de melhor atriz.
O curioso é que já existem quatro mulheres que estão com suas indicações mais ou menos garantidas. Mas, ao contrário dos homens, nenhuma delas está num filme que agradou à crítica. É um fenômeno comum, que só se acentuou em 2010: os filmes de maior prestígio são quase todos focados no universo masculino.
Os sites especializados dizem que, se a entrega fosse hoje, a vitoriosa seria Viola Davis por "Histórias Cruzadas" (que estreia em fevereiro no Brasil). Ela tem vários pontos a seu favor: é uma atriz respeitada, com uma indicação no currículo (como coadjuvante por "Dúvida", três anos atrás) e dois Tonys, o Oscar da Broadway.
Seu filme, cujo tema são as complexas relações entre patroas brancas e empregadas negras no Mississippi dos anos 60, foi um dos maiores sucessos do ano. E ainda há o fator politicamente correto: Viola seria apenas a segunda atriz negra a vencer nesta categoria (a outra foi Halle Berry, em 2001).
Mas "Histórias Cruzadas" foi bastante malhado pelo tom condescendente e paternalista, e rejeitado por inúmeros intelectuais negros. "A Dama de Ferro" também está na linha de fogo, acusado de edulcorar a história da primeira-ministra britânica Margaret Thatcher.
Entretanto, do tiroteio generalizado salva-se Meryl Streep, que adiciona mais um sotaque à sua imensa galeria. Ela já tem dois Oscars, mas há um certo consenso de que merece um terceiro --ganhou pela última vez há quase 30 anos.
Todos concordam que Glenn Close também merece seu primeiro troféu há muito tempo. Ela perdeu todas as cinco vezes em que foi indicada, e chegou a ser apontada como a provável vencedora deste ano. Seu filme "Albert Nobbs" é um projeto pessoal pelo qual lutou para levar às telas.
A Academia adora esse tipo de batalha. Também não resiste a uma mulher vestida de homem, como é o papel de Glenn nesta história que se passa na Irlanda do século 19. Acontece que o filme, até agora só exibido em festivais, não tem agradado muito.
Destino parecido com o de "My Week with Marilyn": quem já viu diz que o roteiro não está à altura da interpretação de Michelle Williams. Ela encarna ninguém menos que Marilyn Monroe, e já está com a indicação (a terceira de sua jovem carreira) assegurada.
A quinta vaga ainda está em aberto. Pode tanto ficar com prévias vencedoras como Charlize Theron (em "Jovens Adultos") e Tilda Swinton ("Precisamos Falar Sobre o Kevin") quanto ir para uma néofita em Oscar como Rooney Mara (por "Os Homens que Não Amavam as Mulheres"). O paradoxo é que todas elas estão em filmes elogiadíssimos pela crítica, ao contrário das quatro colegas mais cotadas.
Falta mais de um mês para o anúncio dos nomeados e mais de dois para a premiação. Muita coisa pode mudar até lá. Mas algo permanece constante: apesar dos avanços, Hollywood ainda não dá a suas melhores atrizes filmes realmente dignos de seus talentos.
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