Na morte de Domingos Montagner, tragédia da vida imitou a novela
Este ano de 2016 está sendo difícil. Para contrabalançar as turbulências em Brasília que dominam o "Jornal Nacional", a Globo decidiu colocar uma novela mais tranquila às 21h, "Velho Chico". Agora, até a novela trouxe uma notícia trágica: Domingos Montagner, o Santo, herói da história de Benedito Ruy Barbosa, morreu afogado num rio no Sergipe durante as gravações finais da trama.
A vida imitou a arte. Há poucas semanas, Santo tomava três tiros e desaparecia nas águas do rio por alguns capítulos. Sua amada Tereza (Camila Pitanga) chorava até não poder mais e recorria até à pajelança para reencontrá-lo. No acidente que o matou, Camila estava com ele, tentou salvá-lo estendendo-lhe a mão, mas, por fim, a correnteza do rio São Francisco, protagonista da novela, o levou.
Domingos foi um caso raro de galã que surgiu tarde, muito tarde, aos 48 anos. Foram apenas seis anos de estrelato na Globo, de um temido cangaceiro na fábula de "Cordel Encantado" (2011) até agora. A emissora logo percebeu o seu potencial de galã maduro, dando a ele o papel do presidente da República na série "O Brado Retumbante".
Ele também foi fundamental como o protagonista de "Sete Vidas", novela das seis em que vivia um navegador solitário que descobria ter tido sete filhos por inseminação artificial.
Na Globo, esse tipo de fatalidade já tinha acontecido antes em uma novela. Primeiro, com Sérgio Cardoso, em 1972, que morreu de ataque cardíaco a um mês do final de O Primeiro Amor. Depois, em 1983, Jardel Filho, protagonista da novela "Sol de Verão", morreu no meio da novela e forçou o autor Manoel Carlos e a emissora a interromperem a trama com apenas 120 capítulos o normal na época eram 170.
No caso de "Velho Chico", uma grande ironia: Domingos tinha acabado de rodar as últimas cenas da novela, que termina no próximo dia 30. A trama está completa, mas uma tragédia dessas impõe a realidade acima da ficção. Impossível voltar a se alienar como pede a dramaturgia.
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