'I Love Paraisópolis' parece um bolo de padaria, lindo por fora...
Grego, um poderoso da favela de Paraisópolis, em São Paulo, gosta de Marizete, mas esta ama o riquinho Benjamin. A mãe deste, Soraya, uma rica arrogante dona de uma poderosa construtora, sonha em destruir a comunidade. Margot, a ex-namorada de Benjamin, não desiste do moço e aparece grávida.
Dá pra resumir mais ou menos assim a trama principal da novela das sete, "I love Paraisópolis". A novela mais parece aqueles bolos de padaria lindos por fora, com uma bela embalagem, e nada por dentro.
A primeira dificuldade é ver uma novela situada numa comunidade tão carente quanto Paraisópolis em tom de fábula infantil. Maurício Stycer, no blog dele, foi o primeiro a apontar a maior falha da trama: Grego manda na favela, tem um escritório, exerce a maior influência na comunidade... mas não é traficante, não usa armas nem violência para isso. O poder vem todo dos lindos olhos de Caio Castro...
"Paraisópolis" é cheia de clipes em câmera lenta, ao som de boas músicas da nova cena do rap e da MPB, que dão uma enroladinha na história aproveitando a beleza dos protagonistas. Caio Castro e Mauricio Destri são lindos, mas não aprenderam a lição número um de um ator: falar pra fora. Mal se entende o que eles dizem. Se for ver os moços no teatro, melhor sentar na primeira fila. (Quer dizer, ver o Destri, porque o Castro já disse que teatro ele não gosta nem de ver).
Bruna Marquezine dá para o gasto, mas Letícia Spiller tentando fazer uma vilã blasé, com um sotaque paulistano errado que puxa os Rs como uma cantora do rádio dos tempos do Getúlio Vargas, é de doer. Alguém também avisa a Globo, por favor, que Alexandre Borges não segura um papel cômico atrás do outro em novelas —faz sempre a mesma coisa.
A melhor coisa mesmo é Babu Santana, o Tim Maia da versão cinematográfica, na pele do bandidão light Jávai. É um mano firmeza, que late muito e nunca morde, mas que faz rir em qualquer cena que aparece.
CRACK MAQUIADO
A Globo até que mandou bem nas cenas de Grazi Massafera na cracolândia em "Verdades Secretas". Tudo bem, tem sempre aquele toque meio Sebastião Salgado, estetizando a miséria e os viciados. Mas já foi um passo à frente, por exemplo, em relação a qualquer cena de cadeia em novela, com presos limpinhos e camas bem arrumadas.
SOBE
Se até o "Zorra Total" tem salvação, o mundo também tem. Nunca imaginei que fosse parar mais de 15 minutos depois da novela no sábado pra ver um programa que pra mim era de longe o pior da Globo, um humor nível SBT.
Mas o "Zorra" trocou roteiristas, trouxe nomes como Dani Calabresa, deu espaço para velhos talentos maravilhosos (Paulo Silvino, Agildo Ribeiro, Roberto Guilherme, o sargento Pincel dos Trapalhões), e voltou com esquetes mais na linha do "Tá no Ar", o programa do Adnet e Marcius Melhem que trouxe de volta aquela inteligência da "TV Pirata".
DESCE
Os velhos roteiristas do "Zorra" devem ter sido recontratados na Band, para o "CQC". Um desgosto ver um programa que começou tão bem, com uma pegada política e as reportagens investigativas lideradas por Marcelo Tas, afundar num humorzinho rasteiro. Difícil passar um quadro sem piadas na linha "pega no meu que eu pego no seu". Triste.
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