Thiago Stivaletti

O álbum de figurinhas, a nova Bíblia dos noveleiros

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Quando tudo parece perdido para os noveleiros, com "Babilônia" cada vez mais sem rumo e "Paraisópolis" provando ser mais uma novelinha das sete sem sal nem açúcar —o que é o sotaque paulistano da Letícia Spiller?!—, a Globo lança o álbum de figurinhas dos 50 anos de novelas.

Todo dia no Facebook alguém convida para um novo encontro de trocas de figurinhas repetidas - e eu mal comecei o meu. Virou uma febre, e não é pra menos. Nas quase 500 figurinhas, tem de tudo, raridades como Marília Pêra em "Uma Rosa com Amor" ou Sérgio Cardoso em "Pigmalião 70".

A primeira figurinha tirada eu nunca vou esquecer: o doutor Albieiri andando com o clone Léozinho no deserto do Marrocos, final de "O Clone". Ontem, outro envelopinho parecia tirar um sarro da Regina Duarte: no mesmo pacote, uma imagem canastra de Regina tomando um banho de lixo em "Rainha da Sucata" e outra dela gritando esgoelada em "Vale Tudo".

Crédito: Tatiana Machado/Gshow Globo faz álbum de figurinhas de 50 anos de novelas (Tatiana Machado/Gshow)
Globo faz álbum de figurinhas de 50 anos de novelas (Tatiana Machado/Gshow)

Também ótima a ideia de dividir o álbum em temas: os melhores personagens, casais, vilões, barracos, finais inesquecíveis.

O que não dá pra entender é: por que o álbum insiste tanto nos atores jovens? A capa é linda, mas a escolha do casting dela é um pavor. Marina Ruy Barbosa, Chay Suede, Marco Pigossi, Bruno Gissoni?? Suuuper representativo de meia década de novela... Pra dar uma disfarçada, o par central é o mito, o cânone, Tarcísio e Glória.

A impressão é de que ficaram com medo de que os adultos não comprassem a ideia e precisassem emplacá-lo com um povo na faixa dos 14 aos 22 anos... Pensaram errado. Noveleiro que é noveleiro amaria esse negócio de qualquer jeito, e o povo mais jovem, em geral, vê muito mais graça numa série de 13 episódios do que numa história de oito meses...

PARA TUDO!

A Globo pesa a mão quando quer levantar seus astros. Comandou todo o circo que foi a cobertura do pouso forçado de Huck e Angélica como se fossem o presidente dos EUA e a rainha da Inglaterra —ou como se alguém tivesse morrido.

As pobres babás, como sempre, anônimas —e olha que já devem ter passado por perrengue muito maior nos busões da vida. Pra terminar, Fátima, sempre ela, pega o gancho para um programa cujo tema foi "como superar um trauma?". Nem precisava, Fátima. O trauma é todo nosso...

Thiago Stivaletti

Thiago Stivaletti é jornalista, crítico de cinema e noveleiro alucinado. Trabalhou no "TV Folha", o extinto caderno de TV da Folha, e na página de Televisão do UOL. Viciou-se em novela aos sete anos de idade, quando sua mãe professora ia trabalhar à noite e o deixava na frente da TV assistindo a uma das melhores novelas de todos os tempos, "Roque Santeiro". Desde então, não parou mais. Mesmo quando não acompanha diariamente uma novela, sabe por osmose todo o elenco e tudo o que está se passando.

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