Ao vivo, Datena fala em pressão e ameaça se demitir da Band
Em seu programa matinal na rádio Bandeirantes (90,9 FM) desta terça-feira, o apresentador José Luiz Datena ameaçou "pegar o boné" (se demitir) da Band, e que os ouvintes deveriam saber que, se ele sair do ar, "já sabem o motivo". O motivo, no caso, seria uma suposta pressão do prefeito Gilberto Kassab a Datena e à Band, por causa das denúncias que ele vem repercutindo em seu programa.
Datena se referia ao caso revelado ontem pela Folha, sobre o ex-diretor da Prefeitura de São Paulo e ex-assessor de Kassab, Hussain Aref Saab, que teria acumulado cerca de R$ 50 milhões em imóveis durante a última década. Aref era chefe do Departamento de Aprovação de Obras, responsável pela liberação de construções e reformas de imóveis em São Paulo.
"Isso é coisa de crime organizado, de máfia. O cara (Aref) tem quase 70 anos de idade, acha que ele ia fazer sozinho? O que eu fico indignado é esse prefeito achar que é uma coisa pessoal (quando a gente faz) denúncias contra ele (sua administração)", declarou Datena.
O apresentador ainda chamou Kassab de "ingrato" e disse ter sido um dos responsáveis por sua carreira política.
"Se tem alguém que defendeu esse prefeito, que ajudou a colocar esse cara no gibi, fui eu", afirmou o apresentador. "Sempre defendi o Kassab, sempre o colocava no 'Brasil Urgente', quando ele era combativo, enfrentava enchentes...", continuou.
"Esse cara é um ingrato, acima de tudo. Fiz (ajudei) porque achava que era um baita de um prefeito. Quando o cara esqueceu de ser bom político, e começou a querer fundar partido, e esquecer a cidade, eu sentei o cacete mesmo. Eu tinha compromisso com o bom prefeito que ele era. Deixou de ser, porrada nele."
OUTRO LADO
Procurada, a assessoria da Rede Bandeirantes de Comunicação negou que haja pressão a Datena para evitar críticas ao prefeito de São Paulo.
"A Band (...) não cerceou a liberdade de opinião de Datena, não o ameaçou de demissão e não recebeu, em nenhum momento, qualquer tipo de pressão vinda do prefeito. A Band não se sujeitaria a pressões deste tipo, assim como não cercearia a liberdade de trabalhar e de criticar de seus profissionais", informou a empresa em nota.
Já a assessoria de Kassab não quis comentar a informação.
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