Rogéria, 74, que faz arte do elenco de "Divinas Divas", documentário sobre travestis dirigido por Leandra Leal, 34, diz que foi para o palco com o aval de Fernanda Montenegro, 87. 

"Eu maquiava a Fernanda e um dia disse que queria estar no palco. Ela falou: 'mas você pode ir para o palco', e eu questionei: 'mas de calça?'. Aí ela disse a famosa frase: 'talento é vocação, querida'. Bastou, fui para o palco, e com o aval dela", disse. 

A atriz, que gosta de se definir como "a travesti da família brasileira", falou sobre sua amizade com Montenegro durante participação no programa "Sensacional", da RedeTV!. Apresentada por apresentado por Daniela Albuquerque, a atração vai ao ar neste domingo (2). 

PRECONCEITO 

Durante a entrevista, Rogéria também falou sobre a recepção do público durante toda sua carreira. "Posso ter sofrido despeito, mas preconceito não, porque eles tem medo de se meter comigo, eu enfrento! Essa confiança vem de criança, minha mãe trabalhou minha autoestima", diz. 

​TRAJETÓRIA 

Nascida Astolfo Barroso Pinto, Rogéria nasceu em Cantagalo (RJ), "Terra de Euclydes da Cunha, o homem mais homem do Brasil, e Rogéria, o homem mais bicha do Brasil", define a artista em entrevista a Folha no ano passado.

"Divinas Divas", seu trabalho mais recente, é um documentário sobre travestis que passaram maus bocados para se firmar como artistas no Rio dos anos 1960. Além do depoimento de Rogéria, o longa conta com a participação de Eloína dos Leopardos e outras artistas que se apresentaram no Teatro Rival, à época comandado pelo produtor cultural Américo Leal, avô de Leandra (ainda em atividade, o Rival é conduzido --hoje por Leandra e por sua mãe, a também atriz Ângela Leal).