Ação contra Zeca Camargo cita números do Facebook e diz que jornalista foi 'cruel e debochado'
O processo que a família de Cristiano Araújo está movendo contra Zeca Camargo exige, além do pagamento de danos morais, que o jornalista "seja condenado a nunca mais emitir opiniões preconceituosas sobre a cultura e a música sertanejas, sob pena de multa de R$ 50 mil".
O "F5" teve acesso à íntegra da ação, que cita, entre outros argumentos, números de redes sociais do cantor, como seus 7 milhões de seguidores no Facebook, 2 milhões no Instagram recém-criado e 700 mil inscritos no canal do YouTube.
Os números são usados para rebater trecho da crônica de Zeca Camargo veiculada na GloboNews, em que ele diz que o cantor era "desconhecido" e "talvez tenha morrido cedo demais para provar que tinha potencial".
A advogada responsável pela ação, Fernanda Moreira, do escritório Mendonça, Moreira & Prado, de Goiânia, afirmou ao "F5" que familiares e sócios ficaram abalados e pessoalmente ofendidos com a crônica. Os requerentes do processo são o pai do sertanejo, João Reis Araújo, e a empresa C.A. Produções Artísticas, que cuidava da carreira do cantor.
"Amor, um sentimento subjetivo [...]. Cabe aqui ressaltar conceitos filosóficos e subjetivos, pois o dano moral se deu exatamente na tentativa do requerido em debochar deste sentimento. Amor dos fãs, da família, dos empresários e das pessoas que com ele trabalhavam. Todas estas pessoas sofrendo, à sua maneira, com a morte trágica ocorrida apenas a quatro dias da crônica cruel, infundada, insensível, debochada e preconceituosa do requerido", diz trecho da ação.
O processo reproduz na íntegra o texto de Zeca, alegando que é "notório que a crônica tinha o cunho de denegrir a imagem não apenas do cantor [...] como também da própria música sertaneja brasileira".
"O texto [...] se deságua em um universo sombrio de indiretas preconceituosas", aponta a autora, citando a metáfora do jornalista com os livros de colorir para adultos.
AGRAVANTES
A confusão de Zeca no "Vídeo Show" (Globo), em que ele chamou o sertanejo de Cristiano Ronaldo, é citada como agravante no processo.
O "poder de influência ao público" de Zeca também é citado, em parágrafo em que a autora o acusa de "fomentar o preconceito e possivelmente o caos" e "abrir portas para uma briga de aculturamento na tentativa de incitar superioridade cultural".
Segundo Moreira, parte da indenização, ainda não calculada, seria usada para criar o Fundo de Apoio à Cultura Sertaneja. Outra parte seria doada a uma instituição de saúde de Goiás, a Casa de Apoio São Luiz.
Procurado pela reportagem por telefone, Zeca Camargo não quis comentar o assunto.
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