Carol Marra, 26, falou ao jornal americano "New York Times" como é ser modelo transexual no Brasil.

Tido como um país liberal lá fora, o Brasil é citado como mercado crescente para modelos trans na reportagem.

"Dizem que o Brasil é um país liberal e progressivo, mas não é bem assim", disse Carol, ressaltando que, apesar da maior aceitação dos transgêneros em capitais como Rio e São Paulo, o país continua, em muitos aspectos, conservador e influenciado por interesses religiosos, o que cria um ambiente hostil para a população gay.

Carol já estrelou duas minisséries como atriz, tem uma linha própria de lingerie e foi a primeira modelo transgênero a desfilar no Fashion Rio, além de ser a primeira trans a fazer um ensaio sensual para a revista "Trip".

Assim como ela, outras modelos trans vêm ganhando espaço no mundo da moda.

Camila Ribeiro, Melissa Paixão e Felipa Tavares também contaram suas histórias ao jornal. As três já desfilaram e posaram para grifes brasileiras.

Lea T., estrela da campanha internacional da Givenchy, já desfilou na São Paulo Fashion Week ao lado de Gisele Bünchen e Alessandra Ambrosio e é considerada musa do mundo fashion.

A reportagem destaca o histórico do cross-dressing no Brasil, que começou com os shows de drag queens nas boates cariocas dos anos 50 e 60.

A publicação destaca também que o país legalizou o casamento e a adoção gay em 2010, mas que a população homossexual ainda sofre com opreconceito de alas religiosas poderosas no país e a violência e intolerância.

Apesar de ter um espaço cada vez maior, as modelos transgêneras representam pouco nas mudanças políticas do país.

Muitas sequer têm interesse no ativismo político e social, e simplesmente não vêem a hora de ser consideradas mulheres como todas as outras.

"Nunca quis ser ativista de nenhuma causa. Só quero ser uma mulher, como todas as outras", diz Carol Marra, que apesar do sucesso no mundo fashion, ainda não conquistou o respeito do público.

Ela afirma ser alvo diariamente de mensagens grosseiras em sua página no Facebook de homens perguntando quanto ela cobra para uma noite de sexo.

Os papéis na TV também não satisfazem Carol, que diz só ser escalada para personagens transexuais.

"A maioria dos atores são gays e são escalados para papéis de galã. Porque eu não posso fazer uma empregada, uma secretária?", questiona.