Celebridades

Rita Cadillac é a favor de liberdade para biografias; Alexandre Frota e Mr. Catra, não

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"Vou fundar o grupo Procure F... Não tem o Procure Saber? Pois erraram no verbo, é conjugar f... que eles precisam", diz o piadista Ary Toledo, 76.

O comediante se refere à associação Procure Saber, formado por camafeus da cultura nacional como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Djavan, que se manifestaram contra a publicação e comercialização de biografias não autorizadas.

O assunto está em discussão na Câmara federal.

Roberto Carlos que, até então, mostrava-se de acordo com o tema, deu entrevista neste domingo (27) ao "Fantástico (Globo), mostrando-se aberto ao diálogo.

Procurado, o Procure Saber não respondeu a pedidos de entrevista, então o "F5" foi ouvir expoentes da cultura popular que topassem falar sobre o tema.

Ary Toledo também sofreu na ditadura --ele foi levado direto de um show ao Dops (Delegacia de Ordem Política e Social), em 1970. E diz que censura não se reproduz.

"Biografia não tem que ser autorizada. É uma espécie de lançamento, mídia para o artista. Nós pertencemos ao povo. Não é justo privar o público de quem ele gosta", defende. "Desde que não haja ofensa pessoal, por que a frescura de negar, minha gente?".


ELKE MARAVILHA

Uma artista que há 20 anos nega convites para retraçar seus passos responde. "Várias pessoas já quiseram fazer a minha biografia", diz Elke Maravilha, 68. Pudera: uma vida de punk, modelo, jurada do programa do Chacrinha e refugiada política poderia render páginas e mais páginas. Ou não?

"Biografia é para o Alexandre, o Grande, nem para Roberto o Carlos ou porcaria nenhuma. É para Platão e ponto. Todos aqui no Brasil são desmerecedores", diz Maravilha do seu apartamento em Ipanema.

E, caso a biografassem à revelia, ela diz que não buscaria compensação. "Todo mundo tem autorização para fazer [uma biografia] porque eu não sou propriedade minha, ninguém é dono de si. Mas que seria chato, seria, viu, criança?"

RITA CADILLAC E SERGUEI

Ou pode ser bem divertido. "Eu gosto de biografias. É legal ler, se espelhar em pessoas com vidas interessantes. Se te convidam para fazer uma, não pode ter é medo", avalia a ex-chacrete e participante de "A Fazenda" Rita Cadillac, 59.

Para ela, é natural que o biógrafo "tenha uma visão própria, priorize o que ache mais importante". Mas garante que teria desprendimento ao ver sua história, toda, devassada. "É tranquilo. E se eu não gostar, eu mato depois", brinca.

Já o roqueiro Serguei liberou geral. Diz ser completamente a favor de contarem sua vida de 79 anos, "inclusive aquele episódio em que eu não comi a Janis Joplin porque ela tinha bolacha grudada nas costas por marmelada".

Interessados em narrar a história do roqueiro pansexual, porém, terão de se embrenhar em sua chácara isolada, em Saquarema, na região carioca dos Lagos. "Não tenho grilos com esse lance de biografias. A minha vida é um livro aberto com umas páginas coladas de sensualidade."

Crédito: Daryan Dorneles/Divulgação O cantor Chico Buarque é contra biografias não autorizadas
O cantor Chico Buarque é contra biografias não autorizadas

MATHEUS CARRIERI

Matheus Carrieri, 46, cuja biografia ainda não escrita inclui novelas globais, reality show no SBT e filmes pornográficos, contemporiza. "É bem delicado isso. Dividir o lucro é honesto, mas é difícil operacionalizar isso."

Mas o dinheiro fica para segundo plano nas ideias do ator. "A questão financeira não é tão importante quanto a questão de ficar com patrulha de pedir autorização. Não pode. Quanto mais liberdade, melhor."

Carrieri compartilha da avaliação do ministro Joaquim Barbosa, do STF (Supremo Tribunal Federal): "Periga cair num contexto de não ter liberdade. E a liberdade vem antes", diz.

Atualmente em cartaz em "Nossa Cidade", peça do diretor Antunes Filho, Matheus Carrieri completa: "A vida dá voltas. Às vezes, você faz uma coisa legal e outra hora, uma outra menos legal".

ALEXANDRE FROTA

Dois meses depois de lançar sua autobiografia, "Identidade Frota", Alexandre Frota revela como foi o processo de colocar o passado no papel.

"Cara, eu acho que é a troca de um trabalho, um produto que tem consumidor final, então todo mundo tem que ganhar."

Para ele, o biografado "tem o direito de opinar, de fazer uma revisão". E de se recusar por completo de ter sua vida narrada. "Não tiro a razão de Gil, de Caetano, de Chico Buarque. Vale ouvi-los", pede o jogador de futebol americano, ator, diretor, escritor e apresentador.

Ele mesmo fez um contrato com a jornalista com quem trabalhou. "Tem meu ponto de vista e tem o dela, não passei a mão na cabeça de ninguém, não fiz nenhum tipo de censura, senão não seria verdadeiro."

MR. CATRA
Outro que entra no coro de Roberto Carlos é o rapper e funkeiro Mr. Catra. "Eu concordo plenamente [com o Procure Saber]. Pois ninguém melhor do que o próprio para falar da sua vida."

Para Catra, cuja carreira inclui, atualmente, 24 filhos e cinco mulheres, todo biógrafo deveria assinar um documento "para punir se mentisse!".

O compromisso de dizer a verdade e nada mais que a verdade tem dois gumes, lembra ele.

"Também sei que tem muito artista que inventa um monte de mentira para se manter na mídia. Essa autorização vai dar pano pra manga. Pois um monte de artista, assinando esse contrato de falar a verdade, vai ser multado", gargalha.

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