Zeca Pagodinho, 54, deixou de lado sucessos de sua autoria, como "Deixa a Vida me Levar", "Verdade", "Judia de Mim" e "Vai Vadiar", e comemorou seus 30 anos de carreira com um show de mais de uma hora contendo apenas clássicos do samba.

Gravado nos dias 4 e 5 de dezembro do ano passado, no Rio de Janeiro, o espetáculo "Zeca Pagodinho 30 anos - Vida que Segue" será exibido neste domingo (21), às 21h30, pelo Multishow, e vendido a partir de terça (23) em CD, DVD e Blu-ray.

A celebração de três décadas de carreira já estava prevista antes de qualquer conversa com o Multishow, diz Zeca. Mas antes de ter definido qualquer coisa, o cantor foi procurado pelo produtor musical Max Pierre, que propôs gravar o show, e aceitou.

"Eu tinha um projeto de gravar músicas minhas que tinha gravado com outros cantores", conta Zeca à Folha. "Daí o Max disse: 'Por que você não mostra como começou seu amor pelo samba e não canta as músicas que você ouvia?'. E eu falei: 'Boa ideia, vamos nessa'."

No repertório, entraram canções como "Escurinha", de Geraldo Pereira e Arnaldo Passos, "Foi um Rio que Passou em Minha Vida", de Paulinho da Viola, "Trem das Onze", de Adoniran Barbosa, "Volta por Cima", de Paulo Vanzolini, e "O Sol Nascerá (A Sorrir)", de Elton Medeiros e Cartola.

"Toda parte do disco é boa, mas a escolha do repertório é muito melhor. A cada semana que a gente se encontra vamos beber, vamos cantar, vamos comer, vamos rir, vamos contar história. Não é nada cansativo", diz Zeca. "Minha gravação é sempre com bebida, comida e piada. Toda a vida foi assim. É muito prazeroso."

Nem todas as canções que gostaria, entretanto, entraram na seleção de quase 30 músicas --às vezes misturadas em uma única faixa. "Ficou coisa de fora, como sempre. Pelo conhecimento de música que tenho, foi muita coisa. Posso dizer que gravei um décimo do que sei."

VIDA QUE SEGUE

Entre os clássicos, Zeca gravou uma canção nova, que dá nome ao projeto. "'Vida que Segue' é a única música que não está dentro do contexto. Foi uma música que o Serginho Meriti me cantou um dia e abalou todo mundo que estava no local."

Cantada com Xuxa, a música fala de superação. "É para a criança nunca perder a esperança de ter sucesso --e não precisa ser sucesso só como cantor ou como ator. É sucesso consigo mesmo, com seu trabalho."

A apresentadora é apenas uma dentre muitas participações do show, que tem ainda nomes como Marisa Monte, em "Preciso me Encontrar" (Candeia), Yamandú Costa, em "Gosto que me Enrosco" (Sinhô), e Paulinho da Viola em sua "Foi um RIo que Passou em minha Vida".

"Os convidados são pessoas que eu admiro. A ideia era ter Zeca e os virtuosos", conta o cantor, que diz gostar de parcerias. "Sozinho, só pra morrer."

A turnê do show estreia em São Paulo nos dias 28 e 29 de junho, no Credicard Hall. O repertório, contudo, será diferente. "Meu show é complicado, porque o povo pede as músicas do passado. Tem que ter um 'misturê'. Tem que ter 'Deixa a Vida me Levar', 'Verdade', 'Coração em Desalinho'. Não dá pra não cantar."

A repórter FERNANDA REIS viajou a convite do Multishow