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Descrição de chapéu The New York Times

Sexo nas alturas: Empresa ajuda a levar relações a novos patamares

Casais fretam voos para fazer sexo ou ter jantar romântico nas alturas

Brandon Nguyen beija a mulher, Katherin, antes de decolarem no avião do serviço Love Cloud Roger Kisby/The New York Times

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The New York Times

Por US$ 995 (R$ 5.200), a Love Cloud permite que você e um/a parceiro/a realizem um voo de 45 minutos em um avião particular, e que façam sexo a bordo.

Bem, você na verdade não precisa fazer sexo no avião. Por US$ 1.195 (R$ 6.200), poderia se casar no avião, em lugar disso. Por US$ 100 (R$ 520) adicionais, o voo inclui uma refeição romântica de um prato. Por US$ 1.595 (R$ 8.300), o pacote passa a incluir uma refeição de três pratos. E você pode acrescentar a qualquer desses pacotes uma garrafa de champanhe e transporte para o aeroporto em limusine, por US$ 300 (R$ 1.500).

Mas, de acordo com Andy Johnson, 40, piloto e fundador da Love Cloud, é o Mile High Flight Club [clube do sexo em voo] –com direito a uma carteirinha de sócio assinada pelo piloto— que continua a ser a oferta mais popular da empresa.

"O passageiro chega com um sorriso no rosto e vai embora com um sorriso ainda maior", disse Johnson, um sujeito de fala rápida, originário da Virgínia, pai, e morador do subúrbio de Summerlin, no limite oeste de Las Vegas.

Ele falou com muita paixão e bom humor sobre seu negócio, que opera do North Las Vegas Airport, e definiu os dois Cessna 414 que sua empresa emprega como "tapetes mágicos", descrevendo alegremente as excentricidades e caprichos de alguns de seus clientes mais memoráveis, entre os quais um casal que apareceu com roupas de piloto e aeromoça. A Love Cloud atende geralmente a casais, mas já acomodou grupos de três ou quatro pessoas, com uma taxa de US$ 200 (R$ 1.040) por passageiro adicional.

As pessoas que compram o pacote do Mile High Flight Club encontram um avião equipado com colchões duplos no piso da cabine e diversos travesseiros, todos dotados de fronhas de cetim vermelho. Uma cortina separa os passageiros do piloto, que usa fones de ouvido que isolam o som e não sai da cabine de pilotagem durante todo o voo. Sim, o avião e suas acomodações passam por uma limpeza depois de cada voo.

Os clientes que adquirirem um Romantic Dinner Flight encontrarão, em lugar do colchão, uma mesa, cadeiras e um pequeno bar. Mas além do champanhe opcional, os voos da Love Cloud não servem álcool.

"Nós ajudamos pessoas a evitar divórcios, isso é algo que posso afirmar já de começo", disse Johnson. A declaração pode parecer exagero, mas alguns passageiros disseram que a experiência foi boa para seus relacionamentos.

Chris Gutierrez Lopez, 30, trabalha como agente de apoio a clientes e vive em Rohnert Park, Califórnia; ele surpreendeu Diego Fuentes, com quem namora há 10 anos, com um voo de jantar da Love Cloud, em novembro, depois que os dois passaram por um período de dificuldades.

"Eu tinha problemas com o meu parceiro, e por isso quis garantir que a experiência fosse mais para agradar a ele do que a mim", disse Lopez. "Assim, escolhi o pacote romântico e não o do sexo aéreo". Assim que os dois embarcaram, foi servido, jantar de três pratos do Mezzo Bistro, um restaurante de Las Vegas que fornece a comida em todos os voos.

O plano dele foi um sucesso. "Quando enfim chegamos ao avião, ele estava sorrindo de orelha a orelha", disse Lopez, que acrescentou que, se eles fizerem outro voo, ele planeja levar as coisas de um jeito um pouquinho diferente. "Da próxima vez vai ser o voo do sexo", ele disse.

Frelima Howard, 45, organizadora de eventos em Victorville, Califórnia, ganhou o pacote do sexo nas alturas como "um presente de casamento atrasado" de um amigo, em 2016.

"Meu marido e eu já éramos integrantes do clube do sexo nas alturas, mas poder repetir a experiência com mais privacidade foi ótimo", ela disse. "Foi muito agradável, exclusivo e privado".

Howard vive a cerca de três horas de Las Vegas, e se considera conhecedora das atrações da cidade, entre as quais salas de fuga, tirolesas e passeios de helicóptero, coisas que ela disse ter feito "vezes demais". Mas ela e o marido, Keith Howard, concordam em que seu voo na Love Cloud é a melhor experiência que já tiveram na cidade.

"O único problema é que não é longo o bastante", disse Keith Howard, 56. A mulher dele concordou. Porque curtiu demais o momento, o casal perdeu a hora. "Nunca tive de me vestir mais rápido em toda a minha vida", disse Frelima Howard.

Um passe para o cube do sexo nas alturas também foi o presente recebido por Katherin Nguyen, 28, técnica de raio-X em Houston, que disse que seu marido, Brandon Nguyen, a surpreendeu com o presente durante uma viagem que eles fizeram a Las Vegas em janeiro para comemorar o aniversário dela.

"Era uma coisa que eu sempre quis fazer, mas, sei lá, só acontece nos filmes", ela disse. "Eu não sabia que existia um serviço como esse".

Brian Álvarez, antropólogo, cuja empresa, Psionic Artworks, oferece diversos serviços, entre os quais excursões culturais a Las Vegas, disse que a Love Cloud segue um padrão histórico, em sua cidade de origem.

"Estamos sempre na vanguarda do empreendedorismo no mundo do entretenimento", ele disse. Para Álvarez, a Love Cloud, que combina elementos de atrações como passeios de helicóptero, capelas para casamentos e hotéis para lua de mel, é parte de uma linhagem de novidades locais, como os caça-níqueis subaquáticos ou uma dançarina topless que se apresentava em um iceberg sintético vestida de urso polar.

Johnson, que também trabalha como piloto comercial para a Mesa Airlines, tem a aviação no sangue. "Eu já pilotava aviões antes de aprender a dirigir um carro", ele disse. O pai dele era aviador da Marinha americana e depois trabalhou como piloto civil. Aos 20 anos, Johnson já era instrutor de pilotagem; e aos 24, operava a escola de aviação e empresa de locação de aviões Tidewater, em Virginia Beach, Virgínia.

Registros judiciais indicam que o brevê de Johnson como piloto foi suspenso temporariamente em 2009 pela Administração Federal da Aviação (FAA) americana, por conta de impropriedades na certificação de aviões da Tidewater em 2007 e 2008. Seu brevê foi revogado em 2011, porque ele continuou a pilotar aviões enquanto estava suspenso.

Em 2012, depois de um pequeno acidente de avião ocorrido durante o período em que ele não tinha brevê, Johnson se admitiu culpado da acusação de pilotar uma aeronave imprudentemente, e serviu uma sentença de 20 dias de prisão em uma penitenciária federal. Ele terminou por pedir falência, e voltou a morar com seus pais.

"Aquilo tudo foi um baque", disse Johnson sobre o período descrito. "Todos cometemos erros. É assim, a vida".

Em 2014, ele se mudou da casa de seus pais na Virgínia para um motel em North Las Vegas. "Era hora de reconstruir minha vida e começar de novo", ele disse. "Foi isso que Las Vegas me permitiu fazer".

Poucos meses depois de chegar, ele criou a Love Cloud. "Não existe cidade melhor para encontrar uma segunda chance do que Las Vegas", ele disse. Johnson contratou outros pilotos para voar os aviões da Love Cloud até reconquistar seu brevê, em junho de 2018. Tanto a empresa quanto os aviões que ela opera respeitam todos os códigos, agora.

O sócio de Johnson, Tony Blake, 52, também piloto, estava informado sobre o passado dele quando passou a trabalhar na empresa em período integral, no ano passado. "Ele passou por um período muito difícil", disse Blake, "e cá estamos nós, 10 anos depois. Ele realmente superou aquilo tudo e se tornou um homem melhor".

Blake se interessa mais pelo futuro do que pelo passado. Ele disse que os dois trabalham para expandir a Love Cloud a Los Angeles, e também acha que seu negócio daria um ótimo reality show para a TV, na linha de Below Deck [uma série do canal Bravo sobre tripulantes de iates].

"Vemos coisas que ninguém conseguiria inventar, cara", disse Johnson. "Temos muito material ótimo".

Traduzido originalmente do inglês por Paulo Migliacci

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