TikTok: o que se sabe sobre empresa por trás do aplicativo e seu enigmático dono
ByteDance é muito mais do que só o aplicativo de vídeos
É provável que você não reconheça esse nome, mas a empresa ByteDance é hoje um dos mais valiosos "unicórnios" –como são chamadas as start-ups de tecnologia avaliadas em mais de US$ 1 bilhão– da atualidade.
O valor de mercado estimado da ByteDance é US$ 78 bilhões, segundo um relatório da Reuters do final do ano passado. A empresa já investiu em mais de 20 startups desde 2012. Entre elas estão a Lark (de mensagens), Flipchat (para conversas por vídeo) e Toutia (um agregador de notícias).
Mas nenhuma dessas startups é mais popular do que o carro-chefe da ByteDance: o TikTok.
O TikTok é o aplicativo da moda, tendo sido o mais baixado no primeiro trimestre de 2020. Ele permite que usuários publiquem e compartilhem vídeos curtos, geralmente cômicos.
Recentemente o TikTok acabou se vendo no centro da disputa geopolítica entre China e Estados Unidos. O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse em uma entrevista que os dados de usuários do TikTok vão parar "nas mãos do Partido Comunista Chinês".
CIFRAS ASTRONÔMICAS
Os investidores dizem que a ByteDance está perto de gerar US$ 30 bilhões de receitas em 2020, uma cifra astronômica se comparada com os cerca de US$ 20 bilhões de 2019.
Seu lucro líquido pode duplicar neste ano, atingindo US$ 7 bilhões, segundo cifras publicadas pela revista The Economist. A empresa nasceu em 2012, com sede em Pequim.
Depois de investir em vários aplicativos, a ByteDance desenvolveu o precursor do TikTok, chamado Douyin, que foi lançado localmente em 2016. A ideia era criar vídeos musicais de 15 segundos para serem compartilhados na internet.
Em 2017, o Douyin chegou ao mercado internacional rebatizado de TikTok. Isso foi no mesmo ano em que a ByteDance comprou o Musical.ly, herdando mais de 20 milhões de usuários ativos, que ajudaram na expansão do TikTok.
DISCRETO
Diferente de tantos outros magnatas chineses como Jack Ma (fundador do Alibaba) ou Pony Ma (criador do Tencent), o homem por trás do ByteDance não gosta muito de aparecer nos meios de comunicação. Ele praticamente não aparece nos meios ocidentais.
Zhang Yiming nasceu em Longyan, no sudeste da China, em 1983. Antes de criar sua própria empresa, ele trabalhou na Microsoft e no Kuxun, um dos principais sites de busca de viagens e transporte da China, que depois foi adquirido pelo TripAdvisor.
O engenheiro de software começou a trajetória de sua empresa com um agregador de notícias baseado em inteligência artificial que teve muito sucesso na China. Ele mesmo definiu seu agregador como "um negócio de buscas" ou uma "rede social", mais do que apenas uma empresa de notícias, em entrevista para a Bloomberg em 2017.
Em 2019, Zhang foi nomeado uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time. Segundo a revista Forbes, o empresário é a nona pessoa mais rica da China.
ALÉM DO TIKTOK
A ByteDance é muito mais do que só o TikTok. Em 2016, a empresa se converteu no maior acionista do serviço de notícias indianos BaBe.
Entre outros aplicativos bem-sucedidos estão o Xigua Video (uma plataforma de vídeos semanais de cinco minutos de duração), o Lark (um serviço de comunicação online) e o Vigo Video (também de vídeos curtos, muito popular entre adolescentes chineses).
A empresa também fabrica celulares e trabalha desde 2019 no lançamento do seu próprio smartphone. Nos últimos meses, as acusações de espionagem abalaram a empresa.
O TikTok coleta uma enorme quantidade de dados sobre seus usuários, incluindo quais vídeos são assistidos e comentados, dados de localização, modelo de telefone e sistema operacional usado e até o ritmo de digitação dos usuários ao usar as teclas.
"A insinuação de que estamos de alguma forma sob o controle do governo chinês é completa e totalmente falsa", disse Theo Bertram, chefe de políticas públicas da TikTok para a Europa, Oriente Médio e África, à BBC.
Os argumentos contra o TikTok parecem se basear na possibilidade teórica de o governo chinês obrigar a ByteDance, de acordo com as leis locais, a entregar dados sobre usuários estrangeiros.
A Lei de Segurança Nacional de 2017 na China obriga qualquer organização ou cidadão a "apoiar, ajudar e cooperar com o trabalho de inteligência do Estado". Bertram disse que, se o TikTok fosse abordado pelo governo chinês, "definitivamente recusaríamos qualquer solicitação de dados".
Enquanto a empresa navega esta crise, há rumores de que investidores americanos podem vir a comprar o TikTok.
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