Nikki Lilly, a youtuber que será premiada pelo Bafta: 'Já sou imune a me chamarem de feia'
A estrela do YouTube Nikki Lilly, de 15 anos, já entrevistou um primeiro-ministro, venceu a competição de jovens cozinheiros Junior Bake Off e fez uma versão de ukulele da música Here Comes the Sun que teria deixado George Harrison orgulhoso.
Agora, ela será oficialmente reconhecida no British Academy Children's Awards do próximo mês e se tornará a mais jovem a receber um prêmio especial Bafta. Assim, não serão alguns "trolls" que a rotularam de "feia" na internet que vão conseguir deixá-la para baixo.
ESTÍMULO DE CONFIANÇA
Aos 6 anos de idade, Nikki Lilly foi diagnosticada com malformação arteriovenosa, que pode ser fatal. A condição começou a afetar a aparência física dela e a causar sérios problemas de saúde.
Dois anos depois, como forma de lidar com as mudanças repentinas, ela começou a postar vídeos de si mesma no YouTube. Inicialmente, desativou a seção de comentários e se deu conta de que fazer os vídeos realmente a ajudava a aumentar sua autoconfiança.
Agora, sete anos depois, mais de um milhão de seguidores visitam regularmente o canal dela, onde faz tutoriais de maquiagem, além de falar sobre cyberbullying e sobre sua vida como uma "adolescente comum".
Nikki, que passou por mais de 40 cirurgias, diz que também aprendeu muito sobre ela e outras pessoas ao longo dessa trajetória.
"Assim que você coloca sua vida na internet, você se expõe ao mundo todo", disse. "Assim como você recebe coisas boas, você recebe coisas ruins". "E isso vai acontecer até com a garota ou o garoto mais atraente do mundo."
PODER DAS PALAVRAS
"Quando comecei, havia muitos comentários de 'você é feia'. Feia é uma palavra muito comum", conta Nikki Lilly. "Naquela época, esses comentários me afetaram muito mais porque minha confiança era muito menor do que é agora. E ela foi construída por meio dos vídeos."
Ela diz que os comentários negativos são tão frequentes que praticamente a tornaram imune.
"Recebo com tanta frequência que praticamente me tornei imune. Isso não significa que esse tipo de comentário não me afete, mas percebi que as pessoas que comentam coisas horríveis, com esse tipo de atitude, estão dizendo muito mais sobre elas do que sobre mim", diz Lilly.
"É muito triste e covarde que eles sintam necessidade de publicar coisas horríveis para outra pessoa porque estão muito tristes com suas vidas. Eles pensam 'ah, se eu sou ruim com essa pessoa, espero me sentir melhor comigo mesma e aí minha vida deixa de ser infeliz'."
AUTOESTIMA
A carreira dela na televisão começou em 2016, quando venceu o concurso Junior Bake Off, e no mesmo ano recebeu o prêmio Child of Courage no Pride of Britain Awards.
Desde 2018, ela apresenta seu próprio programa no CBBC, canal infantil da BBC, o "Nikki Lilly Meets...", com entrevistas com personalidades como a então primeira-ministra Theresa May e o líder trabalhista Jeremy Corbyn.
A organização do Bafta anunciou que Nikki Lilly será agraciada com a maior premiação no Children's Awards. Helen Blakeman, presidente do comitê infantil do Bafta, acredita que Nikki é uma "pioneira em sua geração".
"Estou muito feliz em ver o trabalho de Nikki, sua extraordinária bravura e a mensagem de esperança que ela passa a tantos outros jovens", disse, em comunicado.
'SEJA VOCÊ MESMA'
A vida de Nikki foi tema de dois documentários da CBBC My Life: o primeiro, em 2016, "Born to Vlog", que foi indicado ao prêmio Bafta e ganhou um prêmio internacional Emmy Kids, e novamente em 2018, o documentário "I Will Survive".
Ela usa sua plataforma de vídeo para espalhar "mensagens positivas", e também está muito consciente das pressões e armadilhas sociais que, além das coisas boas, acompanham sites como YouTube, Instagram e Twitter.
"Embora pareça diferente, tentei não mudar quem sou", explicou. "Hoje vivemos neste mundo de redes sociais, e as crianças estão sempre sujeitas a imagens incríveis do que pensam ser a realidade, mas as redes sociais não são realidade. Acho que é muito importante ser você mesmo. Por que você deve se ajustar aos modelos predefinidos?"
"Somos todos diferentes e somos únicos, e se vivêssemos em um mundo onde todos parecessem iguais e agissem da mesma forma e todos tivessem os mesmos gostos, seria um mundo realmente chato."
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