Você viu?

Historiador russo que se vestia de Napoleão confessa ter matado amante após flagra

Ele foi flagrado com braços dentro de mochila

Sokolov gostava de se vestir como Napoleão
Sokolov gostava de se vestir como Napoleão - AFP
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Descrição de chapéu BBC News Brasil

Um conhecido historiador russo confessou ter assassinado sua parceira, diz seu advogado. Ele admitiu o crime após ter sido resgatado de um rio com uma mochila contendo os braços de uma mulher.

Oleg Sokolov, de 63 anos, estava bêbado e caiu no rio enquanto tentava se desfazer de partes do corpo, informou a imprensa russa.

A polícia encontrou o corpo decapitado de Anastasia Yeshchenko, 24, em sua casa na cidade de São Petersburgo.

O professor Sokolov é um especialista em Napoleão e recebeu a Légion d'Honneur da França, condecoração dada a civis ou militares que contribuíram à nação.

"Ele admitiu sua culpa", disse seu advogado, Alexander Pochuyev, à agência de notícias AFP, acrescentando que o historiador lamentou o que havia feito e agora estava cooperando com as autoridades.

Ele morava com Yeshchenko em um apartamento às margens do rio Moika, em São Petersburgo, e eles estavam juntos havia três anos.

Eles eram especialistas em história da França: ela era uma estudante de pós-graduação na Universidade Estadual de São Petersburgo e foi coautora de alguns trabalhos com ele.

Os dois gostavam de usar roupas de época, com ele vestido como Napoleão, e participavam de encenações históricas.

O professor Sokolov foi levado ao hospital para tratamento de hipotermia, depois que os socorristas o tiraram da água gelada no início do sábado, e agora está sob custódia da polícia.

Suspeita-se que tenha matado Yeshchenko com uma espingarda antes de desmembrar o corpo. Uma pistola de eletrochoque foi encontrada na mochila junto com os braços da mulher.

Uma espingarda, facas, um machado e munição também foram encontradas em seu apartamento, informou a agência de notícias Interfax.

O post abaixo, de um site russo, mostra uma foto da vítima.

Sokolov teria dito à polícia que matou Yeshchenko durante uma discussão e depois cortou sua cabeça, braços e pernas.

Ele planejou se livrar do corpo e depois tiraria a própria vida publicamente, vestido como Napoleão.

Alguns estudantes da universidade, citados pela imprensa russa, descreveram o professor como "excêntrico" e uma estudante disse que já havia reclamado com a polícia sobre o comportamento dele.

Um ex-aluno do professor, Vasily Kunin, disse no Twitter que levantou preocupações sobre o comportamento do professor Sokolov, mas as autoridades da universidade não reagiram à sua queixa.

Mais de 2.000 pessoas já assinaram uma petição online exigindo uma investigação sobre a administração da universidade e o diretor da faculdade de história.

Segundo os estudantes, citados pela AFP, o professor Sokolov gostava de falar francês, fazia encenações de Napoleão, chamava Yeshchenko de "Josephine" e pedia para ser chamado de "senhor".

Mergulhadores policiais vasculham o rio Moika em São Petersburgo
Mergulhadores policiais vasculham o rio Moika em São Petersburgo - AFP

O que sabemos sobre a vítima?

Yeshchenko mudou-se da região de Krasnodar, no sul da Rússia, para São Petersburgo para estudar.

"Ela era quieta, doce e sempre a aluna ideal", disse um conhecido à agência de notícias russa RIA. "Absolutamente todo mundo sabia sobre seu relacionamento."

A imprensa russa relata que sua mãe é tenente-coronel da polícia e seu pai, professor de educação física. Um irmão jogou como goleiro da seleção nacional de juniores de futebol.

Análise da correspondente da BBC em Moscou Sarah Rainsford

Os jornais aqui estão cheios de detalhes desse assassinato, a história trágica e horripilante de uma jovem estudante brilhante e bonita baleada e desmembrada por seu ex-professor de 63 anos de quem ela se tornara amante.

Nesses relatos, Oleg Sokolov surge como um historiador cujo interesse em Napoleão se aproximava do obsessivo. Ele tinha um currículo brilhante como um respeitado especialista em história militar francesa, professor visitante na Sorbonne. Ele também foi uma figura importante no mundo das encenações históricas.

Um amigo disse ao jornal Komsomolskaya Pravda que o professor organizava bailes à fantasia e piqueniques, além de recriar batalhas. Mas as organizações às quais ele foi vinculado agora apagaram seu nome de seus sites.

O caso de três anos de Anastasia Yeshchenko com o professor casado era de conhecimento geral na universidade. Amigos dizem que ela era uma aluna de primeira linha, altamente inteligente, que compartilhava da paixão de seu amante pela história napoleônica. Uma pessoa descreveu o professor como "excêntrico, mas não agressivo"; outros alegaram que ele se considerava Napoleão reencarnado.

O irmão de Anastasia disse à RBK Media que ela ligou para ele aos prantos nas primeiras horas da manhã de sexta-feira, dizendo que o casal teve uma briga furiosa provocada pelo ciúme do professor. Ela estava planejando passar a noite em um albergue para estudantes.

Às 01:49, os dois voltaram a se falar, e Anastasia disse ao irmão que estava bem. Foi a última vez que se falaram.

O apartamento do professor Sokolov, onde foi encontrado o corpo decapitado de Yeshchenko, foi isolado
O apartamento do professor Sokolov, onde foi encontrado o corpo decapitado de Yeshchenko, foi isolado - AFP

Sokolov também era membro do Instituto de Ciências Sociais, Economia e Política da França, que no sábado disse que o havia retirado de sua posição no comitê científico.

"Soubemos com horror do crime atroz de que Oleg Sokolov é supostamente culpado", afirmou em comunicado. "Não poderíamos imaginar que ele pudesse cometer um ato tão odioso."

O instituto foi fundado por Marion Maréchal, sobrinha de Marine Le Pen, líder do partido de extrema-direita francês Reunião Nacional e ex-membro de outro partido de extrema-direita, a Frente Nacional.

BBC News Brasil
Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem