A selfie no Cristo Redentor que levou casal a impulsionar negócio de R$ 50 milhões
A receita da empresa é de cerca de 4 milhões de libras (R$ 20 milhões)
Quando Radha Vyas teve um primeiro encontro com um homem que havia conhecido pela internet, mal sabia que, até o fim daquela noite, ela estaria se apaixonando por ele. E planejando começar um negócio juntos.
Radha tinha 32 anos e estava solteira na época, em 2012, quando um site de relacionamentos a colocou em contato com Lee Thompson por causa de sua paixão mútua por viajar. Em um bar de Londres, ela contou para Lee que sentia falta de uma empresa que oferecesse viagens de aventura para grupos de pessoas solteiras na casa dos 30 a 40 anos.
Havia empresas que ofereciam esses serviços para quem tinha de 18 a 30 anos, mas, para pessoas mais velhas do que isso, não. Lee, que tinha 31 anos, concordou –e eles começaram a debater a ideia com empolgação.
"Quanto mais falávamos do negócio, mas animados ficávamos", diz Radha. "Após algumas semanas, não éramos mais só um casal, mas também sócios em potencial."
Hoje, eles estão casados e são donos da Flash Pack, que leva por ano mais de 10 mil pessoas para viagens em grupo a locais como Vietnã, Camboja, Sri Lanka e Jordânia.
SUCESSO NÃO FOI IMEDIATO
Radha teve a ideia de criar a empresa quando, em 2012, quis sair de férias, mas todos os seus amigos "estavam em algum relacionamento ou não conseguiam tirar uma folga do trabalho". Ela decidiu, então, que iria sozinha e contratou uma viagem para o Camboja com um grupo formado por pessoas na casa dos 20 anos.
"Todo mundo era legal, mas, como eram muito mais jovens do que eu, não estávamos exatamente em sintonia", diz ela. "Fiquei pensando: por que ninguém está oferecendo esse tipo de viagem para pessoas da minha idade?"
Seu relacionamento com Lee engatou após o primeiro encontro, e o casal começou a pesquisar sobre sua ideia de negócio. Radha continuou a trabalhar em seu emprego em uma ONG, e Lee seguiu como fotojornalista. Mas todo o tempo livre era dedicado a abrir a empresa. Eles a batizaram como Flash Pack e juntaram 15 mil libras (R$ 75 mil, em valores atuais) para empreender.
Mas, quando seu site foi lançado, em janeiro de 2014, com apenas um roteiro, para Serra Leoa, o sucesso não foi imediato. "Os primeiros seis meses foram horríveis", diz Radha. "Você ouve falar destes negócios que fazem sucesso da noite para o dia, mas isso não aconteceu com a gente."
"Vendemos apenas um pacote para Serra Leoa, mas tivemos de reembolsar a pessoa, porque não conseguimos mais ninguém para fazer a viagem."
UMA SELFIE NO CRISTO REDENTOR MUDOU A HISTÓRIA DA EMPRESA
Mas a situação da Flash Pack estava prestes a melhorar drasticamente, depois de Lee ter uma ideia que acreditava que ajudaria o negócio. A Copa do Mundo de 2014 estava prestes a começar no Brasil, e ele pensou em fazer uma foto. "Havia visto uma imagem do Cristo Redentor com operários em cima dele. Sabia que, se conseguisse chegar lá em cima e fazer uma selfie, ela viralizaria", diz ele.
Lee conseguiu convencer as autoridades brasileiras a deixá-lo fazer justamente isso, e ele se fotografou a 738m de altura, com o Rio de Janeiro ao fundo. A foto viralizou como ele esperava, atingindo milhões de pessoas nas redes sociais. Lee também foi entrevistado por veículos de imprensa de todo o mundo. Isso trouxe muitas visitas ao site da Flash Pack.
Em pouco tempo, a empresa estava vendendo centenas de pacotes de viagem por mês. O negócio vem crescendo desde então –a um ritmo de 400% por ano, segundo seus donos.
UM NEGÓCIO MILIONÁRIO
Hoje, a receita da empresa é de cerca de 4 milhões de libras (R$ 20 milhões) e seu valor de mercado está avaliado em 10 milhões de libras (R$ 50 milhões). Ainda que tenha outros investidores, Radha e Lee detêm o controle acionário.
Joel Brandon-Bravo, dono do site de viagens Travelzoo, diz que a Flash Pack conseguiu atender com sucesso uma parte do mercado que estava carente de ofertas assim. "É uma das poucas empresas voltadas para pessoas na casa dos 30 e 40 anos que viajam sozinhas", diz ele.
"Ela faz isso ao se concentrar em quem tem dinheiro, mas pouco tempo disponível para conhecer o mundo e planejar cada detalhe da viagem por conta própria. E, com muitos blogueiros e influenciadores viajando sozinhos, conseguiu mostrar que isso é algo possível e legal de fazer."
Radha e Lee admitem que começar um negócio com um parceiro amoroso pode ser desafiador para o relacionamento, mas dizem que, no fim das contas, isso é positivo. "Não consigo imaginar fazer isso sozinho", diz Lee. "Lançar uma empresa pode algo extremamente solitário, e ter alguém com quem compartilhar os altos e baixos é incrível."
Quando o negócio começou, Radha e Lee costumavam compartilhar as mesmas tarefas. Hoje, ela é a presidente, e Lee se concentra na área de relações públicas e na construção da marca. O casal planeja agora abrir um escritório na América do Norte, já que mais da metade dos seus clientes vêm dos Estados Unidos e do Canadá.
Também querem ampliar o número de destinos que oferecem –hoje, são 56. "Não tem muita gente voltada para essa faixa etária", diz Radha. "Então, acho que realmente conseguimos achar uma lacuna no mercado."
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