Famílias apostam em caça aos ovos na Páscoa para estreitar laços e instruir filhos
Brincadeiras simples e caseiras servem como alternativa na quarentena
Brincadeiras simples e caseiras servem como alternativa na quarentena
O casal Deborah Albuquerque e Bruno Salomão faz tradições e brincadeiras de Páscoa com a filha, Bela Rubens Cavallari/Folhapress
Pegadinhas do coelhinho pela casa levam até uma cesta recheada de ovos. Alguns deles, porém, estão escondidos e é preciso procurar bem por todos os cômodos. Depois da brincadeira, é chegada a hora de pintar e decorar os ovinhos antes de se lambuzar com os chocolates.
Tradições como essas fazem parte da vida de muitas famílias em época de Páscoa e podem servir de inspiração para algumas neste momento de quarentena. Passados de geração em geração, os rituais são uma forma de manter a família unida e de transmitir aos filhos conhecimento sobre a data de um jeito mais lúdico.
Na casa da apresentadora e atriz Deborah Albuquerque Salomão, 30, todo mundo entra nesse espírito. A data é uma das mais celebradas por toda a família, especialmente por Bella, de quatro anos. "Gostamos de preservar o espírito de união. Quando chega a Páscoa a gente aluga fantasia de coelho, aquelas cabeças de coelho, sabe?. Minha filha acredita muito. Os adultos também tentam achar os ovos recebidos de cada um."
A mãe conta que Bella é tão fascinada por coelhinho que a festinha de três meses dela foi temática. "Ela ganhou festa de decoração de Páscoa. O mais engraçado que nem de chocolate ela gosta muito, é mais pela brincadeira e pela tradição mesmo."
Já o ritual seguido ano após ano pela empresária Marcella Simões Pitombeira, 33, é o de comprar kits prontos de decoração, com pegadinhas para colar no piso. Mãe dos gêmeos de cinco anos Felipe e Carlos Eduardo, Pitombeira diz seus pedidos já ficam até separados no local onde compra devido à sua assiduidade.
"Faço rituais desde quando eles tinham um ano e dois meses. Costumo colocar ovinhos, morangos e patinhas pela casa. Comecei a fazer um caminho com ovinhos pequenos até chegar nos grandes”, explica. Ela diz que os dois ficam loucos de alegria e já acordam animados para a brincadeira.
Pitombeira é budista, o marido é católico, e as crianças frequentam igreja evangélica com a avó. "Isso não muda nada a rotina de Páscoa. É uma época de renascimento e de bons sentimentos."
A madrugada de sábado para domingo de Páscoa é movimentada na casa da empresária Márcia Machado, 40. Ela organiza todo o caminho que o fiho Felipe, de cinco anos, deve percorrer assim que acordar para ver o que o coelhinho deixou de presente.
"Eu uso e abuso dessas fantasias. Ele adora, interage, brinca. Teve uma vez que fizemos pegadas na casa de um amigo e ele encontrou três ovos. Deu um para mim e os outros dois a outras pessoas. Ficou sem. Tem ímpeto em dividir."
Já na casa do cantor Gilson Luis Geiger, 37, e da mulher, Letícia Modrzejewski Geiger, 39, a tradição é proporcionar o maior número de experiências para Clara, 4. "Fazemos caça aos ovos seguindo as pegadas do coelhinha até ela achar o ninho com muitos outros ovos de chocolates e casca de ovos de galinha pintados com papel crepom e amendoim dentro."
As tradições e os rituais de Páscoa geralmente são passados de pais para filhos. E mesmo quem não acredita mais em coelhinho costuma manter a cultura. É o que aponta o professor Ronaldo Coelho, psicólogo, psicanalista e analista institucional. "É curioso ver como as crianças mais velhas, que passaram por ritos sucessivos dessas brincadeiras de forma saudável, tendem a manter a fantasia para as mais novas como um gesto de amor."
Mãe de Theresa, de dois anos, e grávida de seis meses, a repórter e modelo Mariana Weickert, 38, conta que sempre passou pelas brincadeiras nesta data. "Lembro muito da minha família escondendo ovos até eu atingir a pré-adolescência. Talvez nós nem acreditássemos mais, mas era uma tradição que não podia ser quebrada. Tanto que quando me casei escondia ovos do meu marido."
E tradição que se preze precisa ser passada adiante, Weickert retende adotar as brincadeiras festivas com sua filha neste ano. "Quero fazer com a Theresa. No ano passado, ela ainda era muito pequenininha, mas agora isso mudou. Não vai passar em branco. Farei cestinha de papelão com ovinhos. Ameniza a nossa cabeça e nosso coração."
A empresária Marcella Simões Pitombeira passou pelas mesmas experiências na infância e não podia de forma alguma não transferir isso aos filhos gêmeos de cinco anos. "É uma prova de amor e de carinho. Tenho lembrança da minha mãe fazer isso quando eu tinha os mesmos cinco anos que meus filhos têm hoje. Ela colocava pegadinhas brancas que não me esqueço."
Passar os conhecimentos à filha sobre a importância da Páscoa é algo que o cantor Gilson Luis Geiger e sua esposa não abrem mão. Eles afirmam que procuram informar o significado da data para Clara. "Em casa e na própria escolinha ela já aprendeu todo o sentido da celebração, a morte e a ressurreição de Cristo. Embora pequena, sabe que Páscoa não é só coelhinho e ovo de chocolate. A Clara tem uma Bíblia infantil em casa e sempre a lemos para ela. Um desses capítulos importantes é sobre a Páscoa."
Mãe de Felipe, a empresária Márcia Machado tem um ritual noturno com o menino durante todo o ano. "Para mim como mãe é importante explicar tudo. Temos uma reza antes e dormir. Dessa forma a criança pode tomar consciência de tudo. Somos mães, pais e educadores."
Para o professor e psicólogo Ronaldo Coelho, pais que promovem a ludicidade na vida das crianças fazem a coisa certa, porque é "brincando e fantasiando que as crianças aprendem, se desenvolvem, resolvem conflitos existenciais".
"Quando os pais realizam rituais como esconder os ovos e fazem pegadas para que as crianças localizem o presente que o coelhinho deixou, isso produz na criança um sentimento de ser amada por um outro, transcendente e invisível, mas real na fantasia dela", diz Coelho.
Para a professora, psicopedagoga e kid coach Rosângela Angélica de Miranda, a Páscoa é uma das datas mais bonitas e devem ser celebradas sempre. "Toda vez que a comemoramos, aquecemos nosso coração com sua mensagem e ensinamos aos novos na fé e em idade o porquê da nossa crença. Ajuda a criança a perceber o valor da vida, a compreender a grandeza e o amor de Deus."
A Páscoa foi ganhando significados ao longo dos tempos. É o que afirma Gerson de Moraes, filósofo e teólogo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. "A comemoração começa como uma festa judaica que basicamente celebrava a saída do povo de Israel do Egito. Jesus, então, morre nos preparativos da Páscoa, e a tradição cristã entende que ele ressuscita no domingo. O cordeiro que pelos judeus era comido na data, então, passa a ser oferecido à humanidade como sacrifício."
Paralelo a isso, há um símbolo comercial da Páscoa com a venda de chocolate. Para o especialista, isso se deve provavelmente a um vínculo com as tradições germânicas. Os ovos, afirma ele, representam a fertilidade. O teólogo pensa ser fundamental que as crianças não entendam a Páscoa apenas como um dia de comer chocolate.
"Um bom exercício para os pais é pesquisar com os filhos. Há muito material na internet, muitas informações. Mesmo que os pais não sejam religiosos, vivem em um mundo onde a festa está posta. Por meio da tecnologia, todos podem brincar, ensinar e levar conhecimento de um jeito divertido", finaliza.
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