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Reflexologia alivia dores físicas e emocionais com toques em partes do pé: 'Parece mágica'

Tratamento complementar causa equilíbrio e estimula o corpo todo

Karina Saad faz reflexologia em paciente; ela começou como cliente, fez o tratamento todo e se profissionalizou - Rivaldo Gomes/Folhapress
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São Paulo

Tratamento complementar à medicina, a reflexologia é uma técnica que ajuda a tratar dores de ordem física e emocional somente com massagem e toques estratégicos em regiões dos pés. Segundo especialistas, é possível equilibrar corpo e mente para que pessoas sintam-se melhores e consigam viver bem.

Para Osni Lourenço, reflexoterapeuta que tem um instituto com o seu nome (IOR) e que já trabalha nesse ramo há 27 anos, a reflexologia consegue avaliar até 56 tipos diferentes de transtornos só com toques nos pés. Nos pés, há cerca de 72 mil terminações nervosas e mais de 160 pontos que mostram o que está acontecendo com o corpo humano.

“Se você tem algum problema de saúde, seu cérebro o devolve na forma de sintoma. Quando é um problema no estômago, uma gastrite, por exemplo, vem em forma de dor. Então há um comando que sai do cérebro e vai até os pés como descarga elétrica. Na região podal, se formam bolhas de sangue junto ao terminal nervoso. A gente aperta um ponto e enquanto o cérebro corrige o órgão afetado vamos mexendo em outros pontos. Em questão de minutos aquela região não doerá mais”, explica o especialista.

A forma mais comum de reflexologia é a podal, ou seja, a que massageia os pés. Porém, há quem trabalhe com toques nas regiões das mãos e das orelhas. No caso de Lourenço, os pés são o foco. Ele também desenvolveu um mecanismo de laser. Dessa forma, o paciente não sente dor, mas o resultado é o mesmo. 

 

Profissionais do ramo dizem que cada paciente precisa passar, no mínimo, por duas seções para ter uma melhora mais significativa na região dolorida. As seções costumam variar entre R$ 60 e R$ 200, mas os valores podem mudar dependendo dos sintomas apresentados.

Segundo Osni Lourenço, em uma sessão a pessoa já sai pelo menos 70% melhor. “É muito comum o paciente chegar ao consultório de reflexologia já tendo passado por vários especialistas. Em muitos casos ele não sabe ainda o que tem. Quando pego no pé eu mostro o problema e o órgão danificado. Se o transtorno for mais sério eu indico um profissional qualificado”, completa Lourenço.

A presidente da ABRTA (Associação Brasileira de Reflexologia e Terapias Associadas), Cleide Machado, diz que a reflexologia tem como intuito trazer mais equilíbrio ao corpo. “Quando é descoberto uma área em desequilíbrio ela reflete nos pés. Mas a reflexologia também pode trabalhar questões emocionais, como o estresse, a ansiedade e traumas”, comenta.

Ela conta que o tratamento complementar da reflexologia é certeiro e dá um exemplo ao lembrar que nas últimas semanas um paciente teve melhoras significativas em uma forte crise de asma. “Por que ele ficou mais calmo, centrado e isso resultou em uma evolução. Os benefícios são claros. É um complemento”, reforça.

Quando a designer de interiores Karina Saad, 44, chegou à clínica de Osni Lourenço para tratar seu sistema nervoso abalado e seu estresse ela mal podia imaginar que os resultados fossem aparecer tão rapidamente. A experiência foi tão interessante que ela resolveu estudar e fazer todos os cursos necessários para entender melhor aquela técnica. Hoje, Karina tem uma segunda profissão e já até abriu um consultório próprio de reflexologia.

“Primeiro tratei meus problemas físicos e depois os emocionais. Quando cheguei doía tudo e meu corpo não funcionava direito, eu tinha traumas. E depois que fiz os cursos passei a tratar pacientes. Não tem nem o que falar, é um tratamento tão profundo que te transforma absolutamente. Restaura sua parte física e equilibra o sistema nervoso central”, conta ela.

Karina conta que se apaixonou pelos resultados e que passou a indicar a terapia complementar a todo mundo. “Já havia feito anos de terapia convencional, mas na minha opinião o melhor tratamento foi esse. O cérebro é acionado de uma forma tão eficaz que potencializa o tratamento de uma maneira rápida. A reflexologia vai na raiz do problema. No meu caso eu tinha trauma de útero. Quando tratei, minha vida mudou”, conta.

Amiga de Karina, a dentista Vanessa Cristina Solé, 41, resolveu testar a potencialidade do tratamento de tanto que ouviu falar. E foi já no consultório de Karina que ela foi tentar amenizar seu estresse e sua agitação. Foram seis meses direto de tratamento físico e emocional.

“Eu sempre vou fazer manutenção, geralmente a cada seis meses, umas duas seções. Terminei o tratamento de fato em novembro de 2018 e não me arrependo”, comenta. Vanessa também levou seu pequeno filho, na época com três anos, para fazer um tratamento específico com a reflexoterapeuta.

“Ele tinha crises de tosse alérgica que ninguém conseguia tratar. Já o havia levado em pneumologista e nada. Com essa técnica ele ficou mais calmo e seu aparelho respiratório melhorou. A tosse amenizou”, diz. “Parece mágica”, reforça a dentista. O procedimento com o pequeno foi a laser, sem dor nos pés

 

A compradora Patricia Tomoko Toyofuke, 42, recebe o tratamento no Instituto Osni Lourenço de Reflexologia - Ronny Santos/Folhapress

AJUDA NA DEPRESSÃO

Profissionais que estudam e trabalham com a reflexologia são unânimes em dizer que essa terapia é complementar e não dá diagnósticos nem cura doenças. É importante salientar que, sempre que é detectado um desequilíbrio em alguma região mais séria, um médico especialista é indicado para o tratamento.

A podóloga Claudia Longo Marques da Silva, da clínica Angel’s Feet, na Vila Guilherme, zona norte de São Paulo, traça uma relação da técnica com outra. “A reflexologia é como se fosse uma drenagem linfática pelos pés. Melhora dores, acalma, alivia, estimula pontos vitais, diminui estresse, aumenta a imunidade, dá tranquilidade, dentre outros benefícios. Mexemos em pontos em que é possível trabalhar medos, angústias”, afirma.

Outro ponto da parte emocional que dá para trabalhar é a depressão. É possível, de acordo com os especialistas, amenizar os sintomas acarretados pelo chamado mal do século. A compradora Patricia Tomoko Toyofuke, 42, procurou ajuda nesse sentido.

“Faço reflexologia há seis anos. Sempre sofri com depressão e tensão pré-menstrual forte. Logo nos primeiros meses não sentia mais o cansaço de antes, que eu achava que era preguiça. Senti uma melhora, sim”, aponta.

Depois de um tempo, Patricia se sentia com mais ânimo e alegre e deu uma pausa no seu tratamento. Foi então que percebeu que deveria ajudar outras pessoas importantes do seu convívio. Ela colocou os pais para também tratar da mesma doença. “Meus pais estão fazendo e tratando há um ano. Meu pai já recebeu alta, e minha mãe está bem melhor da depressão”, explica.

Patricia aproveitou que a família já estava adaptada àquele tipo de tratamento complementar e resolveu levar sua pequena filha, na época com quatro anos, para fazer algumas seções. “Ela não conseguia parar de fazer xixi na cama. Quando a levei para o tratamento e o profissional apertou no pé dela o ponto correspondente ao rim, melhorou. Tem um ano que ela nunca mais fez xixi na cama.” conta. “Quando levei achei que ele não acharia o problema. Foi impressionante”, conclui.

NA LISTA DO SUS

De acordo com a presidente da ABRTA (Associação Brasileira de Reflexologia e Terapias Associadas), Cleide Machado, a reflexologia já faz parte das práticas integrativas que deveriam ser oferecidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A medida, porém, é recente. 

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, porém, o tratamento gratuito ainda não está funcionando nas unidades de saúde do município e não há prazo para que isso aconteça.

O mesmo acontece quando o alcance é abrangido para todo o país. A reflexologia pelo SUS é algo que ainda não está em funcionamento no Brasil. Por mais que a reflexologia faça parte das 26 práticas integrativas anunciadas, o Ministério da Saúde ainda revê todas essas práticas, que passam por uma revisão técnica, para saber quais serão mantidas e quais serão tiradas da lista.

Nenhuma unidade, até então, é obrigada a proporcionar o tratamento. 

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