Viva Bem

Como em 'Orgulho e Paixão', veja histórias de mulheres que fizeram o pedido de casamento

Cheias de atitude, elas assumiram a frente do relacionamento

Charlina com as alianças na mão mostra que pediu o hoje marido, Cleber, em casamento
Charlina pediu em casamento o então namorado Cleber; hoje, eles estão casados e têm uma filha - Robson Ventura/Folhapress
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Descrição de chapéu Agora
Karina Matias
São Paulo

Na novela das seis “Orgulho e Paixão” (Globo), que se passa no começo do século 20, a protagonista Elisabeta (Nathalia Dill) é uma mulher considerada à frente do seu tempo. Nos capítulos da última semana, ela deu mais uma prova disso ao pedir o amado Darcy (Thiago Lacerda) em casamento.

A atitude, considerada um escândalo naquela época, hoje é encarada com muito mais naturalidade e adotada por um número maior de mulheres, que não têm medo de tomar a iniciativa —em vez de ficar esperando a iniciativa masculina.

A micropigmentadora Charlina Michele Jorge Pontes, 27, é exemplo disso. Mãe de duas crianças _frutos de outro relacionamento_, ela já namorava havia dois anos o barbeiro Cleber Jorge Pontes, 36. Quando saiu da casa da mãe e foi morar sozinha com os filhos, ele começou a aparecer de surpresa na casa dela. “Cleber ia para lá sempre que queria, e isso começou a me incomodar. Não tive dúvidas: decidi pedi-lo em casamento”, relata.

Para fazer a proposta, ela foi romântica e prática ao mesmo tempo. Encheu a cama de chocolates, mas deixou um bilhete bem objetivo: “Vai casar ou não?”. Cleber aceitou, mas não colocou muita fé que o casamento fosse de fato sair. Em menos de dois meses, porém, tudo já estava oficializado. E na lua de mel, ela engravidou. “Fiz o pedido na sexta e, na segunda, já fui marcar a data. Hoje, estamos firmes e fortes com as nossas três crianças. A Maya, nossa bebê, está com dez meses”, conta ela.

A coach Heloisa Capelas, do Instituto Hofmann, observa que essa mudança de comportamento reflete as transformações da sociedade nos últimos anos, em que a mulher passou a ocupar mais espaço em empresas, na política e na economia. “Hoje, é mais fácil aceitar a possibilidade de mulheres como chefes de família, ganhando bem e, por isso, sendo mais atrevidas sexualmente e na área afetiva”, afirma. Ela acrescenta que, por causa dessa liberdade financeira, muitas moram sozinhas. E o pedido de casamento é, na verdade, uma proposta para morarem juntos.
 

Rosana e Antonio, ainda no altar na igreja, comemoram o casamento
Rosana e Antonio se casaram depois que ela fez o pedido e organizou tudo - Arquivo pessoal

No caso da assessora Rosana Medeiros Gomes de Mathes, 34, só morar juntos não bastava. Ela queria se casar. E não poupou esforços para realizar seu sonho. Ela e o técnico de informática Antonio Marcos de Mathes, 49, já viviam juntos desde 2010, mas foi só em 2015 que oficializaram a união, após muitas brigas. 

"Ele ainda não tinha se divorciado da primeira mulher. Um dia, fiz as malas dele e o coloquei para fora. Disse que só o aceitaria de volta se resolvêssemos a situação. Foi assim. Eu organizei todo o casamento, bufê e igreja. Se dependesse dele, estaríamos solteiros até hoje.”

Para a coach Heloísa Capelas, apesar dos avanços, parte da sociedade ainda encara o fato de a mulher pedir o homem em casamento com preconceito. “Infelizmente, ainda é exigido das meninas uma posição mais passiva, e dos meninos, uma atuação mais proativa. Ainda que muitas mulheres ganhem mais do que os homens ou tenham mais sucesso na carreira profissional, ainda é esperado que elas encontrem parceiros que façam o papel de provedor", diz.

Por outro lado, ela acredita que essa transformação deva acontecer ao longo dos próximos anos, quando as crianças de hoje já começarem a ver em casa exemplos diferentes.

“Na realidade, faz só cem anos que as mulheres ganharam direito ao voto. À medida que as crianças vão tendo modelos de pais que trabalham, que se tratam com respeito e igualdade, elas vão construindo essa nova sociedade”, conclui a profissional.

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