Eliane Giardini diz que descobriu que podia fazer papéis cômicos com Lola, de 'Explode Coração'
Dara, cigano Igor e 'Stop, Salgadinho' estão de volta, agora no Globoplay
Dara, cigano Igor e 'Stop, Salgadinho' estão de volta, agora no Globoplay
Passional, escandalosa e muito divertida. Assim era Lola, a personagem vivida pela atriz Eliane Giardini em "Explode Coração" (Globo, 1995), que entra no catálogo do Globoplay a partir desta segunda-feira (22). Ao lado do marido Jairo (Paulo José), a cigana quebrava pratos e costumava fingir desmaios para fugir das situações delicadas e da rebeldia de sua filha Dara (Tereza Seiblitz). "Eu aprendi a desmaiar com a Lola", afirma Giardini, aos risos.
Prometida desde o seu nascimento para o cigano Igor (Ricardo Macchi), a jovem recusa o casamento e as tradições da cultura cigana, o que coloca a mãe em maus lençóis. Uma das cenas marcantes da trama é quando Dara conta para Lola que fez cursinho escondida e passou no vestibular, o que ia contra os desejos da família. A mãe dá um tapa na cara da filha e diz: "Como você fez isso comigo, Dara? Você quer me matar, quer matar o seu pai?".
"Dara era a personagem que vinha para desafiar todos os valores dos ciganos, e a coitada da Lola ia nesse rebote, levando pedrada de toda a comunidade. Claro que a novela tinha uma pegada mais de comédia, mas por trás tinha esse sistema social que era bem injusto com as mulheres", diz Giardini.
Lola foi a primeira personagem com uma faceta mais cômica da carreira da atriz. Para ela, foi a autora Gloria Perez que intuiu que ela podia fazer mulheres com esse tom mais engraçado. Depois da cigana, Giardini interpretou outros papéis cômicos em tramas escritas por Perez, como a Nazira, de "O Clone" (2002), e a Indira de "Caminho das Índias" (2009), ambas da Globo.
"Foi uma coisa que eu comecei a fazer com Lola e vi que eu gostava e que era engraçado. E que as pessoas gostavam também", afirma Giardini. Na história, todas as sextas-feiras, Lola atendia uma fila de pessoas que formavam em sua porta para ela ler a sorte delas, uma obrigação de toda mulher cigana. Quem não gostava eram os vizinhos do prédio de classe alta da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde a família morava. A cigana, porém, nem se importava com isso e se alguém reclamasse, ela não costumava levar desaforos para casa.
Giardini conta que já gostou mais de saber sobre o que o futuro reserva e até aprendeu a jogar tarô. "Isso foi em um período mais atribulado da minha vida, em que eu precisava de um conforto, saber que ali na frente teria alguma coisa que iria me resgatar", lembra.
Atualmente, a atriz diz não acreditar muito mais nestas previsões. "Não acredito tanto que o futuro está determinado, acredito que temos vários futuros. Como tenho outra crença hoje, isso me leva a procurar menos essas previsões sobre o que vai acontecer", relata.
Para aprender os hábitos e costumes do povo cigano, Giardini e outros atores fizeram laboratório e aprenderam danças da cultura cigana.
"Explode Coração" também inovou ao antecipar como a internet e as conversas virtuais se tornariam comuns no futuro. É desta forma que a protagonista Dara se envolve com o empresário Júlio Falcão (Edson Celulari), que vive um casamento em crise com Vera (Maria Luisa Mendonça). Ao se conhecerem pessoalmente, eles acabam se apaixonando para o desespero da dramática Lola.
Segundo Gloria Perez, embora a internet ainda fosse jurássica em 1995, já dava para perceber a "revolução" que estava prestes a acontecer. "Ela derrubava fronteiras, permitia que você pudesse ir a qualquer lugar do mundo e a conhecer pessoas que a vida real não lhe permitiria conhecer. Foi pensando em criar um encontro muito inusitado que nasceu a ideia de fazer os caminhos de um empresário moderno, entusiasta da internet, e de uma cigana se cruzarem."
Giardini tem passado o período de isolamento social ao lado da mãe, Wandir, de 89 anos, o que para ela tem sido uma experiência enriquecedora. "Nunca mais tinha ficado com ela tanto tempo desde que eu sai de Sorocaba [no interior de SP, sua cidade natal] para fazer teatro com 17 anos. Está sendo muito rico para nós duas. Não fosse o fantasma da doença, do perigo do vírus, da morte e todo esse peso que tem essa pandemia, estariam sendo umas férias maravilhosas", diz.
Na quarentena, a atriz conta que lê, vê muitas séries, faz exercícios e análise constantemente, conversa com as filhas por vídeo pelo celular, e pratica meditação transcendental duas vezes por dia. "Eu chamo até de medicação transcendental, porque para mim assim é uma coisa fora de série, é maravilhoso", afirma.
Nas redes sociais, ela diz gostar mais de acompanhar as informações que são postadas no Twitter do que ela mesma dividir a sua vida com os seus fãs. Para a atriz, o seu trabalho já a deixa muito em exposição. "Para compensar, sou bem reservada, bem introspectiva", diz.
Atualmente, além de estar em "Explode Coração", ela pode ser vista como a viúva Anastácia de "Êta Mundo Bom!", no Vale a Pena Ver de Novo, na Globo, e em "O Clone", que é reprisada no Viva. O último trabalho de Giardini na TV foi em "Órfãos da Terra", em 2019.
Uma semana antes de a pandemia do coronavírus fechar o país, a atriz tinha estreado a "Peça do Casamento", no Rio. Agora, os seus projetos estão em suspenso. "Está no Teatro Poeira o banner [da peça], o meu cenário montado lá, sem a mínima previsão de volta. Acho que o teatro e o cinema são as últimas coisas que vão normalizar após a pandemia", diz.
Comentários
Ver todos os comentários