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'Os Dez Mandamentos' volta com rebeldia e referência a 'Game of Thrones'

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A prova dos nove de "Os Dez Mandamentos" começa nesta segunda (4), quando a Record estreia a segunda temporada da novela bíblica.

O público, assim como o povo hebreu, migrou. A primeira parte do folhetim (176 capítulos) acabou em novembro passado, com os hebreus deixando o Egito para trás e caminhando, liderados por Moisés (na TV, Guilherme Winter), em direção à Terra Prometida.

O último capítulo foi visto por 15,3 milhões de espectadores em todo o país (22,6 pontos), segundo o Ibope. Na reta final, com a abertura do mar Vermelho, a saga televisiva de Moisés ficou em primeiro lugar durante seis episódios no confronto com o "Jornal Nacional" e a novela "A Regra do Jogo", da Globo.

Desde então, a audiência do canal nessa faixa de horário caiu pela metade e voltou ao patamar da estreia de "Os Dez Mandamentos", em março de 2015: 11,6 pontos (cada ponto equivalia a 677 mil espectadores no país).

Enquanto os 60 novos capítulos, escritos por Vivian de Oliveira, não ficavam prontos, a emissora reprisou três minisséries bíblicas –a última, "Sansão e Dalila" (2011), terminou na sexta (1º) com média de 10 pontos. Agora, após atualização do Ibope, cada ponto equivale a 684 mil pessoas.

Tchau, Egito

O público do folhetim passará três meses, ou 40 anos no tempo da narrativa, peregrinando com o povo hebreu pelo deserto antes de finalmente chegar à "Terra Prometida". Esta é a novela que continuará a história da segunda fase de "Os Dez Mandamentos", a partir de junho.

"É igual nos seriados. Quando estreia a próxima temporada de 'Game of Thrones', o público não precisa ter visto a anterior. A trama central se mantém, com novos conflitos, novos personagens", explica a autora.

Fã da série da HBO, Vivian de Oliveira conta que usou os sete reinos de Westeros da produção gringa como referência para as cidades que seus heróis encontrarão pelo caminho. "Me inspirei nos Lannisters [clã que detém o poder em 'Game of Thrones'] para criar o reino de Moabe. Eles são ambiciosos, lutam para não perder o poder", diz ela, sobre um dos povos que se sentirá ameaçado pelo fortalecimento dos hebreus.

Porém o grande inimigo de Moisés, desta vez, não é mais o faraó egípcio, mas os que duvidam das provações e sacrifícios que o impiedoso Deus do Velho Testamento lhes impõe antes de chegar a Canaã, a Terra Prometida.

"O conflito de Moisés é administrar como se forma a consciência de Estado e das leis", afirma o ator Guilherme Winter, que assistiu a discursos de grandes líderes, como Che Guevara e Malcolm X, para compor sua versão do herói bíblico. "Moisés é totalmente de esquerda. É como se o Egito, que escraviza os hebreus, fosse a direita, e Moisés, da esquerda, para libertar o povo."

Corá (Vitor Hugo) é o principal artífice da dissidência no acampamento –um conjunto de tendas, cobertas com lonas de caminhão, que ocupa 2.000 metros quadrados na área externa dos estúdios Casablanca, no Rio. A produtora paulista, que agora coproduz a novela com a Record, arrendou por três anos os antigos sets da emissora de Edir Macedo.

O rebelde questiona as decisões de Moisés, como nomear seu irmão Arão (Petrônio Gontijo) sacerdote de Israel, e protagonizará o possível ápice da trama de "Os Dez Mandamentos - Nova Temporada": a Rebelião de Corá.

"Vai ser bem impactante. É um fenômeno bem forte da Bíblia, que não é muito conhecido", aposta Vivian de Oliveira. "Corá desafia Moisés, que fica aborrecido e diz: 'se eu estiver mentindo, que algo inesperado aconteça'. Deus mostra que Moisés foi escolhido por Ele, e a terra se abre e traga os revoltosos."

Musical

Mais do que mar e terra, "Os Dez Mandamentos" abriu de vez um filão no país: o entretenimento religioso que, apesar de essencialmente evangélico, consegue dialogar com outras fés cristãs.

A novela foi a maior audiência da história da dramaturgia da Record. A emissora correu para lançar, em janeiro, uma versão editada nos cinemas.

Vendeu os direitos de exibição para a Netflix, que disponibilizou a novela ainda em dezembro. Também colocou no mercado bijuterias inspiradas no vestuário dos personagens e estreia, em junho, o musical "Os Dez Mandamentos". Além de um livro, uma linha de esmaltes e álbum de figurinhas.

Há quem atribua o sucesso da novela ao escapismo da trama, distante da crise política e econômica –diferente de "A Regra do Jogo", folhetim de João Emanuel Carneiro que terminou no início do mês.

"Tem um quê de escapismo, sim. É uma história de fé e esperança, uma mensagem de certa forma reconfortante", afirma o diretor-geral da trama, Alexandre Avancini.

Vivian de Oliveira pensa o contrário: a história de 1.200 a.C. "não ajuda a distanciar [da realidade], mas a falar que pode dar certo".

"As pessoas estão desacreditadas. Ver um povo escravo derrotar o opressor nos faz pensar que podemos construir uma nação livre, decente."

A jornalista GABRIELA SÁ PESSOA viajou a convite da Record

NA TV
Os Dez Mandamentos
QUANDO seg. a sex., 20h30, na Record

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