Nerdices

'O game é o lugar onde eu posso experimentar o fantástico', diz Fumito Ueda em palestra na BGS

Criador de 'The Last Guardian' não acha seus jogos revolucionários

Fumito Ueda confirma presença na 11ª edição da BGS
Fumito Ueda confirma presença na 11ª edição da BGS - Divulgação
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Beatriz Fialho Rafael Carvalho
São Paulo

Fumito Ueda, 48, foi um dos convidados especiais da BGS (Brasil Game Show) Summit, evento que aconteceu na tarde dessa terça (9), no Expo Center Norte, na zona norte de São Paulo. O diretor do jogo "The Last Guardian" falou sobre sua relação com os games produzidos por ele ao longo de sua carreira.

Ele, que também dirigiu os jogos eletrônicos "Ico" e "Shadow of the Colossus", diz nunca ter pensado em fazer verdadeiras obras de arte enquanto criava seus games, embora muitas pessoas o reconheçam por seu trabalho artístico. "Nem eu nem meu time pensamos sobre arte, o que pensamos era fazer algo que ninguém tivesse feito e por isso foi tão diferente."

O seu estilo minimalista também não foi previamente pensado. Ele diz que, com a equipe pequena, a única maneira de produzir bons jogos era simplificando algumas tarefas. "Gosto muito [do minimalismo], mas tem uma outra questão. Tivemos poucos recursos para fazer. Então não era muita questão do que eu gostava ou não, mas sim, sobre o que estava ao meu alcance."

Ele afirma que buscou evoluir a questão da jogabilidade dos games, partindo de "Ico", seu primeiro trabalho, que não considera um exemplo nesse quesito. Para ele, o trabalho foi bem elaborado artisticamente, mas deixou a desejar nesse quesito.

Essa percepção crítica sobre sua obra, no entanto, não o faz pensar em lançar continuações ou atualizações para os títulos atuais. Ele diz que prefere aplicar sua criatividade em um novo jogo, cujas ideias muitas vezes nascem durante o projeto de desenvolvimento de um jogo anterior.

"Tento usar essa energia para criar novos jogos. Quase todos os meus jogos demoram um período muito longo para serem desenvolvidos. Mas enquanto produzo um, logo tenho uma ideia para o próximo."

Segundo ele, suas maiores referências para os jogos vêm de sua experiência de vida como jogador. Ele disse que tenta aplicar em suas obras aquilo que aprecia quando está do outro lado da tela. "Tenho algumas ideias ao ver os trailers de jogos e de filmes e me imagino jogando. Sempre vem na minha cabeça pensamentos de como seria muito interessante se os jogos fossem tão bons como eu imaginava ao ver o trailer."

Ueda também acredita que sua relação pessoal com o videogame influencie suas criações. Ele diz que costuma pensar na hipótese de que, se tivesse que pagar pelo que esta desenvolvendo, efetivamente valeria a pena. "Para mim, videogame é o lugar onde eu posso experimentar o fantástico. [...] Quando veio os jogos, eu penso que, se não fosse o criador, será que eu pagaria por ele? Acredito que existem pessoas semelhantes a mim e se eu fizer um jogo assim, dessa forma, elas também vão gostar."

Ueda também ficou espantado ao saber que seus jogos são considerados revolucionários no modelo de single player. E, quando questionado sobre as dicas que daria a quem está começando no mercado, ele afirma que não se consideraria um modelo a ser seguido. 

"Não posso me orgulhar muito, mas no começo queria ser um artista profissional. Com todo o conhecimento que tinha de arte e técnica de computação, decidi ir para a criação de jogos. [...] Estou nessa carreira há muito tempo mas só criei três jogos e toda vez eu quebro a cabeça para criar um novo. Não sou a pessoa para dizer como trilhar esse caminho."

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem