Rosa de Roberto Carlos vale mais que ganhar na loteria, afirma fã
Fãs transformam flores em arranjos para decorar a casa
Fãs transformam flores em arranjos para decorar a casa
O cantor Roberto Carlos completa 80 anos na próxima segunda-feira (19) acumulando uma história de sucesso, uma legião de fãs e uma série de manias e curiosidades. Entre elas estão sua preferência pela cor azul, seus cruzeiros anuais e, principalmente, seu gosto por rosas.
Distribuída há 42 anos, a flor já virou um dos momentos mais aguardados de seus shows. Fãs esperam ansiosos na esperança de ganharem a rosa das mãos do rei, que pode levar ainda a um olho no olho com ele. O que nem todos sabem é que a disputa pela rosa é acirrada.
As fãs mais assíduas levantam de suas mesas antes que o cantor termine a última música, levam presentes na esperança de facilitar a aproximação do palco, e não se importam com empurra-empurra, agressões, xingamentos que podem enfrentar na disputa com outras fãs.
A professora Rosemeire Barbosa, 58, organizadora de grupos de Facebook do cantor, lembra de um show em que um amigo levou uma mordida no braço e foi chamado de gay por outros fãs porque pegou uma rosa. “Elas disseram que as rosas são para as mulheres”, conta.
A primeira vez que Rosemeire ganhou uma rosa do ídolo foi em 2017, em um show em Piracicaba, cidade do interior paulista onde mora. Quando Roberto Carlos começou a cantar a música “Jesus Cristo” ela sabia que estava chegando a hora dele distribuir as rosas.
Para chamar a atenção do cantor, a professora tirou do pescoço um colar com a foto dele para lhe dar de presente. “O Roberto veio e não conseguiu tirar a corrente do meu dedo. Eu falava não sai, não sai. Ele foi em direção a outros fãs e eu gritava volta, volta. A corrente não saia do meu dedo”, conta rindo.
Segundo Rosemeire, o cantor voltou, chamou a pessoa que segurava as rosas no palco e pediu para ajudá-la com a corrente presa no dedo. Ele pegou a corrente e entregou para o Roberto, que olhou a medalha com a sua foto.
“Ele olhou a medalha com o rosto dele, olhou para mim como quem diz: você fez isso? Ele achou legal, pegou uma rosa vermelha, deu um beijo e entregou na minha mão. Era uma rosa enorme, era um botão que você não acha em qualquer lugar”, diz. A rosa ela guarda até hoje dentro de um livro.
Na casa da professora também está guardada no congelador a rosa que o cantor deu a sua sobrinha durante um show no Espaço das Américas, zona oeste de São Paulo. Ela também havia conseguido uma flor na ocasião, mas fãs arrancaram da mão de seu marido, deixando apenas o cabo.
“Quando olhei para a minha sobrinha ela estava com uma rosa na mão. Ela me disse que foi no cantinho do palco, perto do maestro. O Roberto jogou a rosa para ela, mas alguém pegou no ar. O maestro Eduardo Lage olhou e falou para o Roberto. Ele foi mais perto da minha sobrinha e deu a rosa."
Rosemeire explica que a rosa da sobrinha está guardada em um pote congelado também em sua casa. “A rosa está há mais de um ano e meio [congelada] e está bonita do mesmo jeitinho. A minha sobrinha sempre pergunta; como está a minha rosa? Ela vem em casa, abre o pote e cheira a rosa”, diz.
A aposentada Sonia Aparecida Diogo, 58, também já enfrentou disputas com outras fãs pelas famosas rosas. “É puxão de cabelo e empurra-empurra. Eu estava em um show e puxaram a minha corrente. Quebrou na hora, eu segurei o pingente com a foto dele. É uma muvuca, você nem imagina”, conta.
Sonia, que já ganhou ao menos três rosas em shows do rei, diz que a altura de 1,50 m costuma colocá-la em apuros. Em uma dessas ocasiões, teve a flor arrancada de suas mãos. “Mas ele voltou, segurou e protegeu a rosa na minha mão para não tomarem. Eu encostei no peito e protegi com a mão para ninguém pegar. Eu saí de lá anestesiada, a gente que é pequena fica em desvantagem."
Em outro show do artista, a aposentada usou a estratégia de levar uma faixa para dar de presente para o ídolo com mensagem: "Meu rei, realize o sonho dessa mulher pequena, tire uma foto comigo". Mas quando conseguiu chegar próximo do palco fechou a faixa para pegar uma rosa.
“Tinha que escolher dar o banner ou pegar a rosa, mas não queria arriscar porque era a última rosa que ele tinha na mão. Encostei o banner do lado do palco e esqueci. Não podia deixar de proteger a rosa se não era pétala para todo lado”, diz a aposentada que tem duas rosas secas em um quadro.
Outra fã que não perde um show do cantor desde a época da Jovem Guarda é a aposentada Ilze dos Santos Zamboni, 63, que já ganhou cinco rosas e tem algumas guardadas em quadro em casa. “Quando despedaça eu guardo as pétalas, vou guardando tudo”, afirma
Como outros fãs do rei, Ilze também adota a estratégia de levar presentes para chamar a atenção do ídolo. Chegou a levar um quadro com o rosto de Jesus Cristo e levantou no meio da muvuca, chamando a atenção do músico. “Ele beijou o quadro e mostrou para todo mundo. Pegou uma rosa vermelha, beijou e entregou na minha mão”, diz.
Já no último show antes da pandemia, no entanto, Ilze levou um quadro com desenho de Nossa Senhora Aparecida que ela fez em crochê, mas “não consegui entregar na mão dele, dei a uma pessoa da equipe dele. A rosa branca ainda não peguei, estou na vontade e com sorte um dia eu pego”, diz.
A empresária Lidia Aparecida Mendes, 58, perdeu as contas de quantas rosas já ganhou do ídolo. Desde a década de 1990 ela vai a shows do cantor, sendo que desde 2004 ela vai a todos, inclusive nas turnês no exterior. “Ia aonde ele [Roberto Carlos] fosse, todos os cruzeiros. Eu e uma amiga fomos em muitos lugares. Em Israel e na turnê do México. Foi a turnê mais linda que ele já fez”, afirma ela.
“Ele beijava [a rosa], entregava e você consegue ver o olhar dele. Muita gente me critica por viajar para ver os shows, mas para mim a emoção que a gente sente por estar recebendo a [flor] é tão importante. Aquele momento que ele entrega a rosa para a gente é tão bonito, especial, vale mais que ganhar na loteria”, afirma.
Lidia guarda com carinho todas as flores que já recebeu de Roberto Carlos e faz arranjos para enfeitar a casa, como um aquário de vidro no qual ela colocou várias rosas como se fossem plantadas na areia. As rosas mais especiais são as nove que recebeu durante a turnê de 15 dias pelo México, em 2014.
A empresária lembra de todo o cuidado que teve para guardar as rosas e trazê-las intactas para o Brasil. Ela conta que embalava as flores em papel alumínio, plástico filme e guardava na geladeira. Para trazer para o Brasil, eu guardei em uma maleta de maquiagem para não amassar. “Na alfândega fiquei morrendo de medo de tomarem as rosas, graças a Deus foi tudo em paz”.
Lidia diz que quando tirou as rosas do papel alumínio elas estavam vivas, intactas. Ela se recorda que colocou em um vaso com água e só tirou quando começaram a murchar. “Deixo elas de cabeça para baixo, o botão se fecha. Eu deixo mais ou menos um mês secando para não apodrecer”, explica.
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